Homenagem (Feita na
razão do meu coração)
Lembranças
deleitável de um sonho que não faz mal a ninguém.
Residi ainda
criança com os meus pais nessa apreciada região, na qual duas das minhas irmãs
nasceram.
Um olhar extasiado
Num fascinante
mundaréu desconhecido
Das lembranças
estremecidas
De uma inocência
colorida.
Viajei e fantasiei
Num retorno ao
passado
Adentrei ao fundo
De minha alma
abençoada
E comecei a sonhar
No fecundo flúmen
Do rio Tarauacá.
Ah!
Se eu pudesse agora
Como neste sonho
Flutuando em tuas
águas
Correndo em suas
praias
Como no tempo de
criança
Para sentir em meus
pés
Sua força
tempestuosa
Que eu desemboquei
Das correntes
inquietas
No meu traço infantil
Nos fortes
banzeiros
Das águas hostis
Que batia e
quebrava
Nas ourelas do rio.
Rio Tarauacá!
Das inexploradas e
primorosas
Paragens
adormecidas
No infindável chão
úmido
De um verde
florestal.
Rio Tarauacá!
Dos imensos
barrancos caídos
Num pardo avermelhado
Deixando o líquido
barrento
Em toda ribanceira.
Rio Tarauacá!
Dos tormentos dos
desbravadores
Palco de tantos
massacres e selvagerias
De comandantes e
heróis anônimos
Que você
testemunhou
E com suas lágrimas
derramadas
Todo o rio chorou.
Rio Tarauacá!
Vale das terras
indígenas
Dos bravos
‘guerreiros ’
Das águas da vida
Do Envira Jordão ao
Muru.
Rio Tarauacá de
‘Felizardo Cerqueira’
No longínquo Jordão
O catequizador de
índios
Com glória e
devoção
Amansava ou
expulsava
Na bala ou no
facão.
Do legendário e
cruel ‘Pedro Biló'
No alto Tarauacá
Dizem que é acreano
Mas pode ser do
Ceará
Homem de preces
poderosas
De corpo fechado
Com o rifle de papo
amarelo
Dizimou os
silvícolas
Grande ‘matador de
índios’
Dos valentes
‘Kaxinawá’. (Mataram a
mãe de P. Biló).
Índios Papavó
‘canibais indomáveis’
É como se fosse uma
lenda
Para ninguém
acreditar
Impiedosamente
massacrados
Nas sanguinárias
correrias.
Rio Tarauacá!
Paraíso das praias
estonteantes
Que renascem nas
baixas do rio
Num solo cristalino
e prolífero
Originando o berço
da vida.
Rio Tarauacá!
Das desovas das
tartarugas e dos tracajás (Cágados)
Da iguaria indígena
De massa visguenta
O saboroso
Mujangué (ou arabu)
Que saciava a fome
Do caboclo
seringueiro
Rio Tarauacá
Do valoroso
ribeirinho
Másculo de brio
Que não dá por
vencido
No barco ou na
canoa
Circula com seu
ganha pão
Cultivado na roça
Só Deus sabe a
razão
Num vai e vem
incessante
Nas cabeceiras dos
‘Rios’
O rígido pilar da
vida
Na gigantesca região.
(Hileia equatorial)
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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