quinta-feira, 10 de maio de 2018

MINHAS RECORDAÇÕES DO RIO TARAUACÁ

Gilberto A. Saavedra (Jornalista) – Rio de Janeiro

Homenagem (Feita na razão do meu coração)
Lembranças deleitável de um sonho que não faz mal a ninguém.
Residi ainda criança com os meus pais nessa apreciada região, na qual duas das minhas irmãs nasceram.

Um olhar extasiado
Num fascinante mundaréu desconhecido
Das lembranças estremecidas
De uma inocência colorida.

Viajei e fantasiei
Num retorno ao passado
Adentrei ao fundo
De minha alma abençoada
E comecei a sonhar
No fecundo flúmen
Do rio Tarauacá.

Ah!
Se eu pudesse agora
Como neste sonho
Flutuando em tuas águas
Correndo em suas praias
Como no tempo de criança
Para sentir em meus pés
Sua força tempestuosa
Que eu desemboquei
Das correntes inquietas
No meu traço infantil
Nos fortes banzeiros
Das águas hostis
Que batia e quebrava
Nas ourelas do rio.
Rio Tarauacá!
Das inexploradas e primorosas
Paragens adormecidas
No infindável chão úmido
De um verde florestal.

Rio Tarauacá!
Dos imensos barrancos caídos
Num pardo avermelhado
Deixando o líquido barrento
Em toda ribanceira.

Rio Tarauacá!
Dos tormentos dos desbravadores
Palco de tantos massacres e selvagerias
De comandantes e heróis anônimos
Que você testemunhou
E com suas lágrimas derramadas
Todo o rio chorou.

Rio Tarauacá!
Vale das terras indígenas
Dos bravos ‘guerreiros ’
Das águas da vida
Do Envira Jordão ao Muru.

Rio Tarauacá de ‘Felizardo Cerqueira’                                   
No longínquo Jordão
O catequizador de índios
Com glória e devoção
Amansava ou expulsava
Na bala ou no facão.

Do legendário e cruel ‘Pedro Biló'
No alto Tarauacá
Dizem que é acreano
Mas pode ser do Ceará
Homem de preces poderosas
De corpo fechado
Com o rifle de papo amarelo
Dizimou os silvícolas
Grande ‘matador de índios’                    
Dos valentes ‘Kaxinawá’.                   (Mataram a mãe de P. Biló).

Índios Papavó ‘canibais indomáveis’
É como se fosse uma lenda
Para ninguém acreditar
Impiedosamente massacrados
Nas sanguinárias correrias.

Rio Tarauacá!
Paraíso das praias estonteantes
Que renascem nas baixas do rio   
Num solo cristalino e prolífero
Originando o berço da vida.

Rio Tarauacá!
Das desovas das tartarugas e dos tracajás            (Cágados)
Da iguaria indígena
De massa visguenta
O saboroso Mujangué                       (ou arabu)
Que saciava a fome
Do caboclo seringueiro

Rio Tarauacá
Do valoroso ribeirinho
Másculo de brio
Que não dá por vencido
No barco ou na canoa
Circula com seu ganha pão
Cultivado na roça
Só Deus sabe a razão
Num vai e vem incessante
Nas cabeceiras dos ‘Rios’
O rígido pilar da vida
Na gigantesca região.             (Hileia equatorial)

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