sexta-feira, 25 de setembro de 2009

OLHANDO O MAR


"Aqui
nesta pedra,

alguém sentou
olhando o mar

O mar
não parou
pra ser olhado

Foi mar
pra tudo que é lado"


PAULO LEMINSKI 
in:Caprichos e Relaxos

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

AS INESQUECÍVEIS DE ZÉ LEITE

A MINHOCA DO KALUME


Governador do Acre, Jorge Kalume decidiu marcar presença acreana com produtos da terra na Feira dos Estados em Brasília. Providenciou a importação de abacaxis gigantes de 22 quilos de Tarauacá, macaxeiras de porte avantajado, “pélas” de borracha de 150 a 200 quilos, cajus sumarentos e grandões, ouriços de castanha-do-pará, enfim, produtos da terra de fazer queixo de brasileiros e brasileiras caírem. A expo de Kalume foi sucesso.
Um grupo de militares admirava o tamanho dos abacaxis e outros itens, JK empolgado descrevia a fertilidade do solo acreano. Na andança, param diante de uma pele de jibóia e antes que o governador falasse alguma coisa, um coronel interpelou-o:
– Governador Kalume, pelo amor de Deus não me vá dizer que isso aí é o couro de minhoca do Acre!

***

Referência e sugestão:
LEITE, José Chalub. Tão Acre: Humor acreano de todos os tempos. Rio Branco: BOGRAF Editora Preview Ltda, 2000.

Livro de humor acreano igual não há.

*

Saiba um pouco mais, do livro e autor, aqui 

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

É ESTRANHO

Henriqueta Lisboa


É estranho que, após o pranto
vertido em rios sobre os mares,
venha pousar-te no ombro
o pássaro das ilhas, ó náufrago.

É estranho que, depois das trevas
semeadas por sobre as valas,
teus sentidos se adelgacem
diante das clareiras, ó cego.

É estranho que, depois de morto,
rompidos os esteios da alma
e descaminhando o corpo,
homem, tenhas reino mais alto.



LISBOA, Henriqueta. Flor da Morte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

> Henriqueta Lisboa (1901-1985) é autora de uma significativa obra poética, que alia ao diálogo crítico com a tradição lírica ocidental gestos próprios de inovação. Em sua poesia confluem tendências simbolistas e modernistas. Se a busca do ser, em Henriqueta Lisboa, corresponde à busca da verdade poética, nesse percurso aflora a presença da morte, com seu poder de negatividade. Dessa experiência dá testemunho um de seus melhores livros – Flor da Morte –, que reúne poemas escritos entre 1945 e 1949.