terça-feira, 30 de novembro de 2010

SE ESTIVER EM RIO BRANCO, RECOMENDO...

EXPOSIÇÃO MANDALAS DA FLORESTA
A artista plástica acreana, Simone Bichara, realiza sua próxima exposição na Procuradoria Geral do Estado do Acre, do dia 02 a 10 de dezembro de 2010. Essa é a quarta exposição de Simone esse ano. Duas em Brasília e uma no Rio de Janeiro. Para essa exposição são 25 obras pintadas com tinta acrílica e nankin sobre madeira reciclada, e 6 obras impressas a laser sobre papel fotográfico.
Mais informações no blog da artista: MANDALAS DA FLORESTA.

JUVENTUDE DO SERTÃO

JUVENTUDE DO SERTÃO:
celebrando a vida e abraçando a missão
em marcha contra a violência.
“Se a Juventude viesse a faltar o rosto de Deus iria mudar”

Nós, juventude, católica e organizada, militantes da Pastoral da Juventude durante todo este ano elegemos como prioridade, para discussão e ação, a questão da violência, que mesmo aqui, em pleno sertão baiano, continua a fazer suas vítimas. O grande desafio é possibilitar que a juventude rompa com essa condição de mero espectador dos fatos e da vida e se torne agente de transformação, protagonistas de sua história, de sua fé e de seu país. Somente uma juventude organizada será uma juventude verdadeiramente livre, para sonhar, amar e transformar a história.

Por isso, no domingo dia 21 de Novembro a Pastoral da Juventude de Palmas de Monte Alto realizou o último grande encontro da juventude, que reuniu aproximadamente 250 jovens das quatro cidades que compõem nosso zonal 09: Palmas de Monte Alto, Sebastião Laranjeiras, Malhada e Iuiu, além da presença de alguns jovens da cidade de Caetité, sede de nossa diocese.

As atividades começaram com a celebração da santa missa na Igreja do Divino Espírito Santo. Em seguida a juventude saiu em marcha contra a violência pelas ruas da cidade até o local do encontro. Na Associação Beneficente Clube de Mães aconteceram as diversas apresentações culturais, entre danças, teatro e muita música, até as 16 horas, quando se encerrou o encontro.

Nossos agradecimentos a todos aquele/a/s que contribuiram direto ou indiretamente e assim nos possibilitaram realizar um evento dessa proporção. E nosso agradecimento especial a Juventude de Palmas de Monte Alto que organizou o encontro, entre eles, meu muito obrigado a equipe que tanto se empenhou: Gilmar Santana, José Aparecido, Sandro Ribeiro, Núbia de Cássia, Aline Laranjeira, Léo Xavier e Vanessa.

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Algumas imagens do encontro:
A Juventude saiu em caminhada contra a violência.
A missa foi presidida pelo assessor diocesano da PJ Pe. João Sá, concelebrada pelo pároco de Monte Alto Pe. Patrick, e Pe. Lolesio de Sebastião Laranjeiras.
Ofertório!
Composição da Mesa: Secretária diocesana da PJ Rosângela Aguiar, assessor diocesano Pe. João Sá, coordenador do Zonal 09 Joaquim, além dos coordenadores: Raylse de Sebastião Laranjeiras, Ir. Francilda de Iuiu, Cláudio Guedes de Malhada e Sandro Ribeiro de P. de M. Alto.
Música e animação com os jovens cantores Léo da cidade de Malhada e Léo Xavier de Monte Alto.
Dramatização teatral e musical da Juventude de Malhada.
Dramatização teatral da Juventude de Rancho das Mães.
Apresentação teatral de Malhada & dança das jovens de Monte Alto.
Apresentação musical Juventude de Rancho das Mães. 
Juventude animada!
Tivemos boa participação da juventude. 
Jovens de Monte Alto numa dança acerca do corte de cana.
Encenações.
Hora do rango!


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"Somente uma juventude organizada será uma juventude verdadeiramente livre, para sonhar, amar e transformar a história".

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DO BANAL AO EXTRAORDINÁRIO

Profª. Inês Lacerda Araújo


Revi na TV um filme de Woody Allen Igual a tudo na vida (2003), que os críticos classificaram como repetitivo e fraco. Os comentários na internet são em sua maioria também desfavoráveis, filme sem graça, não diverte, não acrescenta nada à filmografia do cineasta.

David Dobel é professor (personagem de Allen) que aconselha Jerry Falk (personagem de Jason Biggs). Acho que o filme reconduz a perplexidade diante da questão maior ou da dúvida maior, à perplexidade diante do menor de nossos atos e das situações que enfrentamos.

Como entender as questões mais cruciais que incomodam e deixam perplexos aqueles que filosofam, que refletem um pouquinho que seja sobre o sentido das coisas, da vida, de ser, de tudo ser? O mistério que nos assombra, como tudo veio a ser, há uma causa mais geral para tudo, pergunta o professor Dobel.

Ao mesmo tempo a vida segue, é preciso ter uma profissão, amar alguém, ser bem-sucedido, enfrentar o dia a dia de uma grande cidade, trânsito, onde estacionar (em uma cena muito engraçada o professor disputa uma vaga para seu carro conversível e perde a vaga), em outras cenas critica o aconselhamento psicanalítico (o psicanalista só ouve e cobra, caro, certamente...), pessoas fracassam, pessoas não sabem o que fazer com seus destinos, bebem, se drogam.

É um motorista de taxi que usa a expressão, "like anything else" para se referir a que tudo na vida é assim mesmo, banal e, ao mesmo tempo complicado.

Perguntar pela origem ou causa de tudo, a pergunta filosófica mais intrigante, mais antiga, mais extraordinária, pode e deve ser levada ao ordinário, ao dia a dia, o que faz sentido fazer, qual lance de nossa vida marca, decide?

E o inverso, se você parar para pensar, verá que o cotidiano é incrível, é extraordinário. Embutida, imersa e escondida em cada detalhe e em cada ato, "a insustentável leveza do ser", como se expressa Kundera.

As respostas na história da humanidade tomaram rumos e consequências: religiões e credos defendidos a ferro e fogo, ideologias que cegaram povos e culturas, líderes que mataram e matam em nome do poder (deles, é claro...).

Mas também a vida pessoal e as circunstâncias banais podem servir para pensar: é complicado, sim, mas tudo é mesmo assim, banal por um ângulo, extraordinário por outro ângulo.

O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei eu disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Por que o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que todos os sonhos de todos os poetas
E o pensamento de todos os filósofos
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E que não haja nada que compreender
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

(Fernando Pessoa - 1888- 1935)

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* INÊS LACERDA ARAÚJO - Filósofa e escritora.

sábado, 27 de novembro de 2010

AMPARO OCHOA: A VOZ DO MÉXICO

Amparo Ochoa (1946-1994) não se tornou apenas a “voz do México”, mas a voz de todos os povos latino-americanos. Fez de sua música um canto pela vida, pelas causas sociais, pelos operários, os estudantes, e pela luta contra as desigualdades e injustiças sociais. Uma das grandes reivindicadoras dos direitos das mulheres na América Latina. Folclorista, cantou e divulgou canções da tradição revolucionária e popular mexicana.  (Mais informações aqui)

Algumas de suas grandes interpretações:

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ELOY AÑEZ MARAÑON E A ARTE DA SERINGA

A borracha, no século XX, marcou a história de três países amazônicos: Brasil, Peru e Bolívia. Apesar de ter gerado tanta riqueza nenhuma das três nações desenvolveu-se a custa da hevea brasiliensis, que serviu apenas para alimentar a sanha estrangeira ou algum outro “coronel de barranco” em suas inescrupulosas extravagâncias.

Todavia, apesar dos contrastes e confrontos, a civilização da borracha permitiu o surgimento de importantes movimentos culturais: das letras às artes, das músicas às danças, e da culinária às vestes. O que possibilitou não apenas o registro da história de povos tão distintos, mas um maior estreitamento das relações de um pueblo hermano. É o que demonstra a arte do pintor boliviano Eloy Añez Marañon, nascido em Pando em 1966.

As obras de Añez Marañon impressionam pelos tons vibrantes, de singular beleza, e pela maneira como retrata o período da borracha na Amazônia boliviana. Autodidata, como tantos outros artistas da Pan-Amazônia, Eloy Añez Marañon atualmente reside na Espanha. Sua arte já foi exposta em diversas cidades da própria Bolívia, na Espanha, bem como no Brasil, onde esteve em 1988, com uma exposição na Universidade Federal do Acre. Sua arte tem muito a dizer ao Brasil e, sobretudo, a nós acreanos.

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“Me inspiro en la naturaleza salvaje, el esfuerzo, el coraje, el sacrificio y las esperanzas de los hombres y mujeres de esa bendita tierra mía (Pando)”.

Eloy Añez Marañon
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"Cautxú"
(óleo sobre tela)
2010
Defumación
(óleo tela 46x38 cm)
2004
El Grito
(acrílico sobre tela)
2010

Hevea
(óleo papel 51x66 cm)
2010-11-26
La Novia del siringal
(acrilico tela 101x152 cm)
2009
La Creación
(acrílico tela 1010x153 cm)
2009
Sin título
(óleo sobre tela)
2010
"Mujer siringuera"
(óleo sobre tela 50x50 cm)
2010
Siringal
(tinta china)
2009-2010
Siringuera
(acrilico tela 59x61 cm)
2009' 2010
Tichelas
(oleo tela 56x61 cm)
 2010

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Mais sobre o pintor Eloy Añez Marañon em seu blog:

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Fontes das imagens:

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

HERMANN HESSE: QUANDO FALA O CORAÇÃO

Isaac Melo


Há certos amores que nunca passam, metamorfoseiam-se em esquecimento, mas não deixam de habitar nossa alma. A alma retém o que a memória quer se desfazer. Amei a literatura e a literatura me devolveu amor. Não terá nascido a literatura do primeiro coração a amar? Só quem ama sabe o caminho para alcançar um outro coração. Os literatos que mais nos marcam não são aqueles que nos falam à cabeça tão somente, senão aqueles que nos tocam o coração.

Hermann Hesse
Suspirei, extasiado, quando encerrei as páginas de Sidarta uns três anos atrás. O livro me fascinara. Foi minha iniciação em Hermann Hesse (1877-1962). Certa vez um amigo havia me confidenciado sobre o autor: “tudo o que você encontrar desse cara é bom”. Nas primeiras páginas de Sidarta tive a confirmação dessa verdade. E desde então Hesse tem me acompanhado. Já percorri a Índia junto com seu jovem aprendiz Sidarta, tomei parte em seus dramas em companhia do Lobo da Estepe, avancei até o ano 2200 na aprendizagem dos Jogos das Contas de Vidro, sorvi de sua sabedoria ouvindo suas fábulas e aprendendo com seus contos...

O menino de Calw fora sempre um pássaro livre. Não se deixara aprisionar por convenções sociais, revoltara-se contra a classe burguesa de seu tempo e condenara veementemente o militarismo alemão. “Sou, sem dúvida, patriota. Mas, antes de tudo sou um ser humano. E, se não posso conciliar as duas coisas, dou sempre prioridade à minha humanidade” acentuava Hesse. Seu livro revela a beleza de homem que pensava com o coração e não atirava palavras ao vento.

Hesse não escrevia tão somente para satisfação pessoal. Visionário, seu olhar estendia-se a humanidade: “O poeta não deve amar o seu público e, sim, a humanidade, cuja melhor parte não lê seus escritos e, entretanto, deles necessita”. Não enfeitava a realidade: “Não acredito que o futuro nos traga uma humanidade “melhor”. Não creio venha ela ser nem melhor nem pior do que esta. A humanidade é sempre a mesma. O demônio irrompe no ser humano não apenas de maneira velada ou encarnado em criminosos e psicopatas. Muitas vezes e em alta escala, o diabo faz política e dizima povos inteiros”.

Abominava as guerras e por isso alertava: “Os homens que constituem verdadeira ameaça ao mundo e à paz são os que querem a guerra, que a preparam, e que, acenando-nos com a vaga promessa de uma paz próxima ou incutindo-nos o medo de sermos atacados, tentam fazer-nos cúmplices da execução de seus planos”. E conclamava os homens a uma consciência crítica: “Quanto mais indivíduos houver capazes de contemplar com serenidade e espírito crítico o teatro do mundo, tanto menor será o perigo das grandes loucuras de massas, a começar pela estupidez das guerras”.

Hesse reconhecia no amor, o princípio de toda arte: “O valor e alcance de toda arte serão determinados sobretudo pela capacidade de amar do artista”. Ele não só amou como nos ensinou como se deve amar: “Dar sentido à vida é missão do amor. Vale dizer: quanto mais somos capazes de amar e de nos dedicar a alguém, tanto mais plena de sentido se torna nossa vida”. E apontava novos caminhos a se trilhar: “Silenciar sobre determinado assunto que todos aplaudem calorosamente; sorrir sem maldade de pessoas e instituições; combater a falta de amor no mundo, dedicando mais atenção aos humildes e pequenos; tendo mais confiança no trabalho, mais paciência; renunciando a revidar com ódio a mínima zombaria ou crítica – eis outros tantos caminhos que podemos trilhar”.

Seus pais um dia o quiseram ver pastor protestante. Pastor tornara-se, porém, pastor de corações humanos, onde apascentava suas palavras. Palavras que não eram para iludir os homens; livros que servissem à liberdade: “Os livros não existem para tornar mais dependentes ainda pessoas já de si tão dependentes. Muito menos existem para dar a homens de si inaptos para viver uma mera ilusão ou sucedâneo de vida. Ao contrário. Os livros só têm valor quando nos estimulam a viver, quando servem à vida e lhe são úteis. Desperdiçada é toda hora de leitura da qual não resulte para o leitor uma centelha de energia, uma impressão de rejuvenescimento, um sopro de novidade e de viço”.

Por isso Hesse advertia: “Ler sem pensar, ler distraidamente, é como passear entre belas paisagens com os olhos vendados. Tampouco devemos ler para esquecer-nos a nós e à nossa vida cotidiana, mas, ao contrário, para reassumirmos em nossas mãos firmes e de maneira mais consciente e madura a nossa própria existência. Devemos ir aos livros não como alunos tímidos que temessem aproximar-se de mestres frios e indiferentes; não como os ociosos que passam o tempo a beber. E, sim, como alpinistas a galgar as alturas; como guerreiros que acorrem ao quartel para buscar armas. E não como quem estivesse a fugir de si mesmo, sem vontade de viver”.

O jovem alemão, livreiro um dia, tornou-se cidadão do mundo, e suas palavras, fagulhas a manter acesa a chama da vida, da esperança e da utopia. Em 1946 a Academia Sueca conferia o Nobel àquele menino que um dia rebelara-se contra a disciplina da escola e fugira para a Suiça, e que tempos depois iria sentenciar: “Felicidade é amor – nada mais. Quem sabe amar é feliz”. Destarte, não são os livros, é o amor a maior herança de Hesse a humanidade.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

AS “CASAS DE FARINHA” DE TARAUACÁ

Para o resgate da memória do povo tarauacaense, transcrevo um dos trechos do livro “Rios e Barrancos do Acre” do médico acreano Mário Maia, editado em 1968, em Niterói (RJ). É uma transcrição acerca das casas de farinha de Tarauacá, barracões rústicos (feitos de madeiras sem beneficiamento “industrial” e cobertos de palhas), construídos em épocas de eleições para congregar e alegrar o eleitorado, cujos resquícios ainda presenciei nos anos 90.

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A casa de farinha [...] não era uma casa de farinha propriamente dita, isto é, o local onde se procede o fabrico de farinha de mandioca com caititu, roda bolandeira, prensa, forno, tacho de torrar, cocho para separar a goma do tucupi e demais apetrechos dessa faina de pequena e artesanal indústria de herança nativa, de transformação da macaxeira. A “casa de farinha” era um grande galpão cujas tesouras, linhas, caibros, longarinas e pernas-mancas, eram feitas de madeira roliça, sem descascar e coberto com palha de ouricuri. O assoalho era de tábuas grosseiras, sem aplainar, postas, ajustadas e pregadas lado a lado. Esse grande barracão assim descrito, construía-se periodicamente em Tarauacá, mais ou menos no mesmo lugar, nas épocas de eleições, daqueles tempos em que havia comícios e quando se ia falar, não se fazia boca-de-siri. Era edificada na beira do rio, bem em frente de onde o Muru conflui com o Tarauacá. Aliás, essa denominação de Casa de Farinha, foi oferecida pelos adversários que assim a denominavam, pejorativamente, a fim de causar raiva aos opositores, querendo significar que o local de suas festas políticas, pela aparência tosca da construção, assemelhava-se mais ao galpão da bolandeira e do caititu.

Aconteceu que os partidários do PTB que construíam o barracão, ao invés de se apoquentarem, glosaram o chiste, transformando-o em sigla de propaganda político-partidária, popularíssima, invertendo, desse modo, a provocação dos pessedistas.

Os trabalhistas de Tarauacá falavam com euforia e até com uma certa vaidade: – “Pois é; é nossa Casa de Farinha mesmo. Lá nós ralamos no caititu a macaxeira para fazer farinha, beiju e tapioca”. As palavras aqui vão além do seu simples significado: é uma alegoria para mangar do chefe principal do PSD no Acre que também era conhecido como deputado “macaxeira” devido a uma comparação pouco feliz que o mesmo, em uma das campanhas políticas, em um certo comício, fez com as raízes amidógenas dessa euforbiácea com os hábitos alimentares primitivos dos acreanos.

Assim, o povo do “peteba” queria dizer que ia triturar o político, na casa de farinha, transformando-o em farinha, goma e tucupi. Dessa forma, com o passar do tempo, Casa de Farinha no município de Tarauacá, na linguagem política local, deixou de ser um simples galpão improvisado, para o povo humilde se divertir, nas épocas de campanhas políticas. Casa de Farinha tornou-se uma instituição de forte significado político, com características próprias e interessantes. Dessa concepção farinosa, institucionalizada pelos habitantes dos vales daqueles rios, principalmente nos períodos de propaganda para os pleitos eleitorais, costumam criar-se várias expressões populares derivadas desse fato, no sentido figurativo de exaltação do Partido, em suas manifestações folclóricas, tais como: “vamos fazer farinha”, “vamos à farinhada”, “vamos torrar beiju” ou “fazer tapioca”, expressões que no período da campanha política, equivalem a: “vamos mandar brasa”; vamos pular, gritar, dançar e dar “vivas” aos nossos candidatos, “vivas” ao nosso partido e “morras” aos adversários. Casa de Farinha, portanto, em Tarauacá, significa povo humilde, simples, de mãos calosas; gente afeita ao trabalho da agricultura, do seringal, dos roçados, das praias, dos rios e dos barrancos do Muru e do Tarauacá.

Outro nome que venha a ter a agremiação representativa dessa gente e desses valores, vericar-se-á sem esforço que a expressão “Casa de Farinha” vai ficando, sedimentando-se, enraizando-se e enriquecendo de significado, já agora não mais simbolizando um galpão de palha, porém, sim, um estado de espírito social, político-partidário, cada vez mais consistentes em seu fim, influindo significativamente na sociedade local. De fato, extinguiram-se partidos, criaram-se novas siglas, mas a alma alegre das farinhadas não se extinguiu. Ela continuou e continua transformando a macaxeira em farinha, beijus e tapiocas. E não é mais só em Tarauacá. Todo o Acre está na farinhada, aderiu a farinhada e quanto mais macaxeira houver, mais caititus aparecerão para ralá-la. Assim, a expressão “Casa de Farinha” permanece viva, mesmo quando aquele galpão de madeira roliça e palha de ouricuri vai se acabando até se construir outro no mesmo lugar.

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MAIA, Mário. Rios e Barrancos do Acre. Niterói: Gráfica do Senado, 1978. (p. 121-123)

P.S. se alguém tiver uma foto de alguma casa de farinha me envie por favor, para ilustrar melhor este post.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A TAREFA POLÍTICA E CULTURAL DA FILOSOFIA

Profª. Inês Lacerda Araújo


A produção intelectual faz parte das atividades humanas culturais, não é uma tarefa exclusiva das classes superiores, esclarecidas, nem da alma platônica sujeita à contemplação pura das ideias. Dewey (1859-1952), filósofo do pragmatismo norte-americano (ver o que é pragmatismo neste blog), mostrou que a filosofia não deve ser restrita às puras Formas, ao Ser, às Ideias como entidades em si mesmas, sublimes, alcançáveis apenas por uns poucos iluminados. Se fosse assim, a filosofia seria missão de experts, com uma linguagem hermética, inacessível como bem cultural, não poderia sequer ser transmitida nas escolas, nos ambientes culturais abertos para um público mais amplo.
 
O uso do vocabulário especializado tem seu lugar, mas muitas vezes ele é o refúgio da pseudofilosofia. A erudição e a superespecialização são desculpas de intelectuais afetados e comprometidos com certa ideologia, que impede a reflexão, admite apenas a inculcação de noções prontas, que não passam pela discussão pública e livre de ideias e propostas para a sociedade.

Para a filosofia dogmática (ver domagtismo neste blog), os conceitos se fixam como se fossem universais, devendo ser aceitos sem pensar, automaticamente, como palavras de ordem.

Ora, para Dewey, nem há o absolutamente ideal, o Ser em si, a Realidade Última, a Verdade Absoluta, nem o real como algo inerte, acabado que pode ser conhecido e percebido sem erro, sem dúvidas.

"A filosofia, diz ele, não pode resolver o problema da relação do ideal e do real. Este é um problema mesmo da vida. Mas a filosofia pode ao menos aliviar a carga da humanidade em lidar com o problema, emancipando a humanidade dos erros que a própria filosofia fomentou. Ela pode facilitar os passos certos que a humanidade pode tomar na ação, tornado claro que uma inteligência solidária e integral trazida para dentro da observação e da compreensão de eventos e forças sociais concretas, pode formar ideais que seriam suas propostas, as quais não devem ser nem ilusões e nem meras compensações emocionais".

O Pensador
O momento político atual deveria ser usado para isso, semear ideais que podem ser realizados, melhorar as relações sociais, e não usar o poder que foi concedido legitimamente ao Presidente da República para impor um projeto pessoal de permanência no mando de toda uma nação, fazendo pouco das instituições.
 
O Semeador
O "Pensador" de Rodin é solitário e ensimesmado, como ilustrado acima.

Neste momento, não é a melhor representação da filosofia. Talvez "O Semeador", de Zaco Paraná seja uma imagem mais forte e mais ativa. (Praça Eufrásio Correia - Curitiba)

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INÊS LACERDA ARAÚJO - doutora em Estudos Linguísticos, filósofa e escritora.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A REALIDADE "EXISTE"?

Profª. Inês Lacerda Araújo


A pergunta acima pode parecer descabida. É claro que o real existe, as pessoas dirão.

Mas em filosofia, na área da teoria do conhecimento, a questão é pertinente. Para conhecer algo, é preciso um sujeito com certo grau de aprendizado e desenvolvimento de suas capacidades psíquicas, com um mínimo de recursos para se comunicar e para enfrentar situações às quais precisa responder. Será que conhecemos o real tal como ele é, ou tal como essas capacidades nos fazem pensar que ele é?

Se todos os homens subitamente morressem, o real permaneceria o mesmo? Aquela árvore naquela ilha do Pacífico permaneceria tal e qual?

Os filósofos assumem posições diferentes quando tentam compreender o conhecimento. A realidade é permanente, identificável e é possível se certificar disso afirmam os realistas. Pedra é pedra, árvore é árvore. Basta abrir os olhos e ver, constatar. Para eles, o mundo seria o mesmo sem a presença do homem.

Para os empiristas, são nossos sentidos e a nossa percepção que fazem a experiência e verificam os objetos e suas características.

Mas não é assim tão simples, argumentam os idealistas, se o sujeito não dispuser de um aparato para ir da imagem que ele vê, para a identificação do que há fora dele, não há conhecimento. Para os idealistas, o real depende do sujeito, mortos os homens, morre também nosso modo de conhecer o mundo. Se há ou não tal ilha com tal árvore, é uma pergunta que cai no vazio.

Para os céticos, ainda que batam sua cabeça na árvore e sintam dor, isso não elimina duvidar de tudo, nossas impressões são fugidias, tudo muda, nós inclusive, o tempo todo.

Como se vê, a pergunta filosófica feita no título acima não é tão estapafúrdia.

Cabe ainda refletir sobre o conceito de "existir", de "existência". Você diria que uma pedra é tal e tal, ou que uma pedra existe? Pedras não existem, apenas seres vivos, como cães e homens, têm uma existência. Logo, a realidade não existe!?

A argúcia filosófica nos conduziu a um beco sem saída?

Não para Wittgenstein (cf. Investigações Filosóficas - 1953).

Para ele há diferentes usos de expressões e de jogos de linguagem em situações de fala. Alguém quer dizer algo para outro e este, em geral, o compreende. Exemplos:

"Essa realidade, à qual você se apega, não existe". Esse jogo de linguagem pode ser dito para persuadir alguém a mudar seu ponto de vista.

Outro jogo de linguagem bem comum: "na realidade, acho que fulano não presta". Aqui o termo recebe outro significado, o de uma convicção.

Em outras palavras, a linguagem cotidiana, as circunstâncias vividas em nossa existência diária é que decidem quanto ao significado que se dá a "real", "realidade", "existência".

Wittgenstein deflaciona os conceitos filosóficos, faz terapia filosófica.

Duas pessoas discutem:

"Isso é uma árvore" diz um. "Não sei, diz o outro, tenho apenas impressões de algo duro, rugoso, marrom, etc.". Wittgenstein replicaria: "São dois filósofos discutindo"...


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* INÊS LACERDA ARAÚJO, filósofa e escritora.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

SIMONE BICHARA, O BELO E A EXISTÊNCIA

Isaac Melo


Alles Leben Leiden ist – toda vida é sofrimento – afirmava o filósofo alemão Schopenhauer, pensamento relevante para a composição de sua filosofia do belo. Mas, para o filósofo, há um momento privilegiado, iluminado e redentor, em que consideramos a essência das coisas, deixando de lado o sofrer. É o momento da contemplação estética da Idéia, do belo. Se a Vontade se afirma na natureza por motivações fenomênicas e ilusórias, eis subitamente a possibilidade de instalação, na consciência, de uma outra visão, outra perspectiva, isto é, de vivenciarmos outro estado diferente do cotidiano. O belo pode apresentar-se a qualquer instante, basta haver ocasião favorável, pois o que possibilita o estado estético é uma “ocasião externa” ou uma “disposição interna”. Quando menos esperamos, somos surpreendidos e eis a beleza!

As palavras anteriores organizei-as, a partir de um livro de um dos maiores conhecedores do pensamento schopenhaueriano, Jair Barboza, a quem tive a o privilégio de ser aluno. Palavras recolhidas para falar de uma acreana, artista plástica, criadora de belezas.

Simone Bichara surpreende com sua arte. Em suas pinturas e mosaicos somos acometidos por aquele torpor que toda verdadeira arte deve provocar naqueles que a contemplam: o deslumbramento, o transcender. A arte como exploradora da existência humana, ajuda-a também a desvelá-la. Para Schopenhauer, temos a beleza quando nos libertamos, por instantes, do estado existencial doloroso, e assim nos perdemos por inteiro na luminosidade da beleza. Difícil pensar diferente quando se observa as mandalas da artista riobranquense.

Nas mandalas encontram-se nacos da alma de Simone Bichara. Mandala (da palavra sânscrita मण्डल) dentre o seu universo simbólico pode ser compreendida como a representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. Dito com as palavras da artista acreana: “as mandalas servem como um mapa da realidade interior que orienta e sustenta o desenvolvimento psicológico daqueles que desejam progredir na consciência espiritual. É um poderoso instrumento visual que provoca visões, concentração e meditação. São formas, portanto, que representam unidade, organização e harmonia”.

Conhecedora de sua arte não se satisfez apenas com a bagagem intelectual que adquiriu, História (UNB) e Holismo (Fundação Cidade da Paz/Bsb). Foi aos recônditos da alma acreana, à floresta, à convivência com indígenas, seringueiros e ribeirinhos, descobrindo dentro da floresta as cores e as formas mágicas e curadoras que emanam das matas. Fato que, se não agregou mais valor ao seu trabalho, com certeza, mais autencidade.

De Simone e sua arte não falo como entendedor, me falta competência para tal, mas antes como admirador intrépido de nossas belezas, sejam elas artísticas, culturais, naturais ou humanas, desde que nos ajudem a sair da caverna escura da ignorância de nossa própria existência.

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Minhas mandalas são janelas e portas para o meu interior
São os jardins que plantei
As flores que consegui colher
São os amores que não vivi
E os poucos que tive.
São meus momentos de solidão
A dor expressada em cores e formas,
Meu meio de sobreviver
É meu amor pelo mundo
Minha devoção a Deus
E a tudo que é sagrado,
Minhas mandalas, bênçãos da minha floresta,
Trazem a cura para minha alma viajante, buscadora.
Ilusões, sonhos e esperanças,
Minha criança alegre, minha velha sábia,
Mandalas amigas, confidentes, terapeutas e guardiães
Sabem tudo de mim, de mim, dizem tudo!
Meus segredos, meu passado, presente e futuro.
Falam da minha fé, do meu amor, do meu ser entregue à Maria
Masculino e feminino em mim,
Minhas galáxias internas, meus buracos mais profundos, sucessos e fracassos.
Presentes divinos, saudades, prazer!
Meu self,
Meu nada

Simone Bichara

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* Conheça melhor o trabalho da artista plástica acreana Simone Bichara em seu blog MANDALAS DA FLORESTA, onde estão informações mais detelhadas acerca de sua arte, biografia, exposições, crítica, etc.

** Poesia e imagens foram retiradas de MANDALAS DA FLORESTA.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E AS CHUVAS CHEGARAM...

por Florentina Esteves - 14 de nov. 2010


Nuvens baixas tangidas pelo vento formam bizarras paisagens. No ar, uma tensão que os passarinhos traduzem em insistente chilrear. Como um casaco apertado, o calor sufoca, derrama-se em suor. As pessoas olham o céu, esperançosas: vai chover?

Assim aqui em nossos trópicos, ontem ou hoje. Só que hoje mais exasperado. A natureza não perdoa. O que lhe tiraram de mata, ela revida em descomedimento, desregramento, imprevisibilidade.

Não faz assim tanto tempo, os bairros Bosque e Floresta tinham, de fato, as características que lhe deram a denominação. Os bairros, amenos, arborizados, ofereciam sombra ao longo de suas ruas. Em cada quintal encontrávamos copadas mangueiras, o cajueiro, graviola, cupuaçu, laranja, para todo paladar e sombra. Mas Rio Branco crescia, os prédios de apartamentos disputam com o aprazível dos quintais o espaço da moradia, o asfalto compete com a rua de terra batida, o verde é empurrado para mais longe, mas distante, restando ao citadino o calor abrasador das urbes, ao sol inclemente de nosso clima. E onde as chuvas representam dádivas dos céus: abrandam o calor, varrem a poeira, regam as plantas: da horta ou do jardim, e ainda oferece à paisagem sempre monotonamente radiosa, o langor, um espaço para sonhar, para lembrar. Lembrar de quando as chuvas, anos atrás, eram esperadas como manancial de vida, ao dar água ao rio, que permitiria a navegação de maior calado. Com ela chegavam às embarcações que traziam provimento da mesa, o vestuário, remédios, e o supérfluo, tudo o que não era produzido na região e fazia o deleite de nossa gente. Sem falar nos filmes que seriam exibidos (a exausto) no cinema; os discos, livros, revistas – a cultura.

Começavam a chegar, com as chuvas, chatões, chatinhas, gaiolas, lanchas de maior calado. Anunciavam sua chegada com alegres apitos, logo avistavam a cidade. E eram recebidos festivamente, especialmente se traziam passageiros ilustres; o barranco se enchia de gente, e não faltasse a Banda da Polícia Militar, entoando vibrantes dobrados. A cidade ganhava ares de festa. Porto enfeitado, de dia o vai-e-vem do desembarque dos produtos trazidos, ou do embarque de castanha, borracha, couros e peles. À noite, iluminadas, as embarcações figuravam um presépio, a porfiar com o céu recamado de brilhantes estrelas, quem Luzia mais, quem instigava mais a imaginação dos que, em terra, sonhavam com a evasão, a aventura dos grandes centros. Belém e Manaus ganhavam a preferência da maioria. Mais próximos menos dias de viagem, oferecendo oportunidade de estudo, tratamento de saúde, ou lazer, era a grande Meca dos que por aqui viviam – e sonhavam.

Nosso intercâmbio comercial também se fazia com essas duas praças. Para lá mandávamos nossos produtos regionais. De lá recebíamos praticamente tudo. Sem estradas, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro e os demais estados fora da região norte não eram acessíveis, a não ser por avião (isso muitos anos depois), com frete muito caro, que os inviabilizavam para o comércio. Desta forma, dependíamos da água do rio, e nossa economia girava em torno dos caprichos da natureza, em razão das águas que alimentavam o rio... E nosso espírito e nossa alma. As chuvas comandavam a vida.

Entre novembro e abril – quem sabe, maio – era o chegar e partir pelo rio. Depois, o resto do ano era o resto. Tempo de espera. Tempo de malhar Judas, da Festa das Flores, folguedos dos santos juninos, dos festejos do Seis de Agosto, Sete de Setembro, Quinze de Novembro, e eis que chegam novamente as águas; tempo de viver e de sonhar. Porque as chuvas chegaram..



* FLORENTINA ESTEVES é escritora acreana, autora, entre outros, de O Empate. Ocupa a cadeira 04 da Academia Acreana de Letras.

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** Crônica originalmente publicada no blog da artista plástica acreana Simome Bichara, em MANDALAS DA FLORESTA. Visite-o!

domingo, 14 de novembro de 2010

CARO JOHN - A nova cara do rock acreano

“Quero ser um grito de liberdade que brota das bocas amordaçadas pelos grilhões acorrentados da alma vazia. Grito vazio dos que já nem tem força para sussurrar. Quero ser o grito emanado dos corpos em fúria, o grito de todos os gritos propagados das gargantas enrouquecidas pela vontade irrefreada de gritar, pois só é justo cantar, se meu canto pude levar, o grito dos que não tem voz!”
                                                                                      Caro John



Fazer música na Amazônia ainda é um desafio! Mas quando surgem bandas como Caro John ficamos certos de que o talento é superior a qualquer dificuldade!

Caro John é uma das novas caras do rock alternativo no Acre. A banda é tarauacaense, terra que tem dado bons artistas ao Acre, e é integrada por Rogério Craveiro (guitarra e voz), Wellington Shula (baixo) e Giovanni Accioly (bateria e voz), músicos já conhecidos na história da música tarauacaense.

Apesar de pouco tempo de caminhada enquanto banda, já gozam de grande prestígio no cenário musical acreano, com repertório próprio e inteligente. Demonstram que fazer rock não é fazer barulho, mas dedicação, estudo e talento! Prova disso é o primeiro álbum da banda que sairá brevemente!

E reforçamos as palavras de agradecimento de outro acreano talentoso, Marcos Afonso, por termos essa banda, pois "CARO JOHN faz um som sério e necessário, com alegre rebeldia. Diretamente do 'rio das tronqueiras'".

Caro John tão jovem, e já tão prestigiada, porém a melhor parte de sua história ainda estar por vir... Para quem aprende a voar, o limite é o infinito!

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Mais sobre CARO JOHN em:
My Space Caro John

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

XILOGRAVURAS NORDESTINAS

Tenho grande admiração pela arte de xilogravuras, essa técnica de gravação em relevo que utiliza a madeira como matriz e assim possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel. A xilogravura é um processo milenar que já era conhecida por egípcios, indianos e persas. No Brasil, tem início quando a Família Real Portuguesa transfere-se para o Rio de Janeiro. Mas foi, sobretudo, no nordeste brasileiro que a xilogravura mais se desenvolveu e alcançou sua excelência, de modo especial pela sua ligação com a Literatura de Cordel. Nomes como Abraão Batista, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco, José Lourenço e Gilvan Samico estão entre os mais importantes xilógrafos populares do Brasil.
Reforma Agrária - Abraão Batista
Retirante (1986) - José Lourenço Gonzaga
José Costa Leite

Os jogadores de baralho - J.Borges 

Chegada a Juazeiro  (1990) - José Lourenço
História de Mariquinha e José de Souza Leão - Antônio Batista Silva
Lampião e Maria Bonita - José Costa Leite


Casamento Matuto - S. Borges
Via Sacra - Mestre Noza
Os retirantes - J.Borges
O sol quente e o mandacaru - J. Miguel

A chave do ouro do reino do vai-não-volta (1969) - Gilvan Samico

Quinteto Armorial - Gilvan Samico