LAGO
O lago do Silêncio
engoliu a claridade,
fim de tarde, noite fria.
O lago do Silêncio
evapora o dia.
Silentes, pescadores
margeiam as águas,
dia e noite a testemunhar
o suceder de luz e sombra.
O silêncio é habitat
e armadilha dos peixes
- todo dia é do pescador.
TEATRO
Primeiro ato-me,
Segundo, terceiro...
Desato o choro,
Presa à cena
Arte trágica
Nelson Rodrigues
Medos e prantos.
Do caos no trânsito
Da vida e da morte
Dos sem sorte
Das tragédias que nutrem
Todos os atos
no palco dramático.
NOVELO
Ao ver-se inerte, na poltrona da sala
Sentiu uma angústia sedentária...
Gorducho, entrelaçado,
Preso às próprias amarras,
O novelo resolveu rolar.
Caído ao chão desfez-se em fio,
Seu corpo afastando-se da ponta,
Alongava-se infinito.
Às vezes surgiam nós,
Alguns frouxos, outros firmes...
Todos dificultavam seu desenrolar.
Em desalinho, enroscava-se a tudo
que encontrava no caminho.
Sentia liberdade ao sair mundo a fora
sem estar preso a laços ou a nós.
O novelo deu o ponto final
Seguiu a linha da vida sem nada tecer.
p.s. pinturas também de autoria de Eliana Castela.
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