O poeta acreano Alessandro Gondim lançará no próximo dia 13 de setembro o seu mais novo livro de poesia “O Poeta e o Catraieiro”.
Alessandro Gondim é natural de Rio Branco, autor dos livros de poesia “Homens e Deuses” (2017), “O Drama de Sísifo” (2018), “Máquina de Barro” (2020) e “Bolhas de Sabão” (2021) de literatura infantil.
“O Poeta e o Catraieiro” é composto por 74 poemas, sobretudo marcados por uma voz eminentemente telúrica, com o seu enfoque na paisagem local.Como escreveu o poeta César Félix, no prefácio, “Mais que um livro de poemas, Gondim nos convida a conhecer através de suas poesias, apresentadas pelo catraieiro, um pouco da história de nossa Rio Branco, o catraieiro leva o poeta e o leitor na mesma barca que nos revela espaços históricos e turísticos de nossa cidade: o Casarão, a praça, a Tentamen, o mercado do Bosque...”.
Por sua vez, na apresentação, o professor e escritor Sérgio Santos ressalta que “o poeta destes poemas que seguem, tem uma identidade, marcada tanto por sua visão de mundo – meio revoltada – quanto por sua forma de compor verbos – como uso recorrente de descrições e versos narrativos fragmentados”.
“O Poeta e o Catraieiro” é um hino de amor à sua terra, à sua gente, à sua história. Mas é, também, o grito de protesto e de insatisfação do poeta frente às injustiças sociais e as agressões que vem sofrendo a Amazônia nestes últimos tempos/séculos, como nos revela o poema “Mapinguari Urbano”.
O livro é, ainda, rico e lindamente, ilustrado pelo artista plástico acreano Danilo de S’Acre. E sai pelo selo da Tagore Editora, de Brasília.
“O poeta e o Catraiero” é financiado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, executada pela Fundação Elias Mansour, por meio do Edital Nº002/2020.
O lançamento ocorrerá nesta segunda-feira, dia 13 de setembro de 2021, às 10h da manhã, na Biblioteca Pública Estadual (piso superior) em Rio Branco-AC.
O BEIJA-FLOR E O RIO
O rio na sua imensidão
O beija-flor na sua mansidão
O rio com seu grande mistério
O beija-flor com seu grande império
O beija-flor na sua simplicidade
O rio na sua complexidade
O beija-flor gerando amor
O rio gerando pavor
O rio atraindo catraieiros
O beija-flor conquistando companheiros
O rio símbolo dos amantes
O beija-flor símbolo dos gigantes
O beija-flor colorindo a vida
O rio agigantando a lida
O beija-flor nos falando de liberdade
O rio nos mostrando a verdade (p. 52)
O POETA E O CATRAIEIRO
Oh! Catraieiro, leva o poeta para além do rio
Oh! Catraieiro, rema sem parar e me leva
para longe do mundo ordinário
Navega com o poeta nas águas tranqüilas do rio Acre
O poeta precisa conhecer as águas
barrentas da gênese de Porto Acre
Oh! Exímio catraieiro, conduz o poeta
para conhecer o antigo bairro Seis de Agosto
O poeta precisa mergulhar sua alma
na cidade que tem bom gosto
Oh! Catraieiro, traz o poeta para o outro lado,
onde fica minha Cadeia Velha
Onde mora a bela Rosa vermelha
Oh! Catraieiro, o poeta precisa tomar uma dose de cachaça
com jucá no bar do Zé Moleza, na Cidade Nova
O poeta precisa conhecer as pessoas,
as ruas e becos da Bahia Nova
Oh! Catraieiro, rema ligeiro e leva o poeta
para ver o brincar do boto-cor-de-rosa
O poeta vai descrever no papel
a cidade de Rio Branco de maneira maravilhosa
O poeta vai aprender com o Catraieiro
a fazer poesia de barranco
O poeta vai sentir o labor dos trabalhadores de Rio Branco
Oh! Catraieiro, o poeta não sabe nadar –
ele precisa no rio Acre mergulhar
O poeta, para ser poeta, precisa mergulhar
no rio Acre e com os botos brincar
Navegando vai o catraieiro e o poeta no rio da Solidão
Oh! Catraieiro, leva o poeta para conhecer os bairros de invasão
O poeta precisa sentir o que é verdadeira emoção
Navegando vai o catraieiro e o poeta entre os balseiros
Remando vai o poeta e o catraieiro entre os velhos seringueiros (p. 104-105)
GONDIM, Alessandro. O Poeta e o Catraieiro. Brasília: Tagore Editora, 2021.
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