Maria de Nazaré Cavalcante de Sousa
Roa Bastos organiza a obra Las culturas
condenadas (2011), uma seleção de artigos de vários pensadores pelos quais denunciam
as tragédias da escravidão, degradação, racialização e extermínio das
comunidades paraguaias indígenas desde a invasão europeia na América Latina.
Segundo aponta: “Há um prejuízo racista
latente, querem crer que a morte física e cultural tem o germe e causa na
debilidade racial” (p. 18). Com essa assertiva o escritor levanta uma série
de questões e convida intelectuais a refletirem sobre o que se costuma
denominar de assimilação cultural de povos “submissos” culturalmente. Roa se
refere às etnias indígenas do Paraguai e também ao povo explorado.
Roa apresenta olhares de antropólogos,
intelectuais que relatam situações tão caras ao processo de colonização neste
continente. Pontua sobre a agressividade de ações de colonizadores justificadas
a partir da ideia de uma superioridade racial e cultural. Trata-se de uma temática ainda tão atual. De
forma incisiva, o autor coloca em pauta o que se tornou um embate entre a “sociedade
indígena e a sociedade nacional”, o que mantem ao longo dos séculos, um
problema de origem, certamente, que descarta a potência da cultura indígena e
da sua cosmologia na compreensão do espaço latino americano.
Ao denunciar o extermínio (físico e
cosmológico) das comunidades indígenas motivado pela pretensa hierarquia
cultural e racial, confirma-se a atualidade nos escritos de Roa sobre discursos
da pós-modernidade, uma categoria que reforça de forma velada a condição de
colonialidade (categoria do grupo modernidade-colonialidade) permanente em
nosso continente impondo condições coloniais de poder, de ser e de saber
conforme os ditames do, ainda, processo civilizatório instituído. Nesse sentido,
como política de enfrentamento e não apenas de resistência ao estado de
colonialidade estabelecido, são fundamentais a escuta e o compartilhamento de
ações de setores subalternos da sociedade que se manifestam como produtores de
seu próprio destino, assumindo suas práticas de vida, suas experiências como
constitutivos de outras narrativas de conexões culturais e cosmológicas.
Roa Bastos chama atenção para o que
denomina como nova atitude antropológica pela qual pesquisadores da etnologia e
da etnografia têm resgatado as culturas indígenas condenadas, colocando-as em
seus escritos, tal qual como as tratadas numa sociedade colonizadora. Neste
grupo de intelectuais, os literatos têm atuado de forma contundente em
narrativas que denunciam a condição das pessoas em espaços convertidos em
colônias permanentes.
O presente texto engaja-se às reflexões do
escritor paraguaio propondo dialogar com a escrita de um branco (o escritor amazonense
Paulo Jacob), desta feita da Amazônia brasileira, que se manifesta, assim como
Roa Bastos, numa condição de aliado de tais condenados que vivenciam, como os indígenas
paraguaios, as mesmas condições de apagamentos culturais e de condição de racialização
perene. Uma leitura que caminha em busca de reafirmar a necessidade de constante
diálogo entre culturas diversas que ainda se mantem por toda a América latina,
acreditando que muito pouco se avançou em estabelecimento de diálogos e atitudes
equitativas em torno dos apagamentos culturais.
Manuela Carneiro em prefácio do livro Pacificando o branco (Bruce Albert e
Ramos, 2002) discute sobre a urgência de intensificar outros discursos
antropológicos, levanta sobre a necessidade de estudos que dialoguem com percepções e atitudes dos que
foram postos na condição de subalternizados na América Latina, ou seja, tornar
pulsante e colocar em confronto com o “pensamento modelo”, destituindo a carga
substancial de nossos preconceitos e imaginação em relação ao outro. Insiste
que seja revisto o olhar etnocêntrico que constantemente é legitimado no
universo acadêmico. Embora pareça um discurso superado, ainda se encontra
bastante arraigado em diversas universidades brasileiras, por exemplo.
Assim, é importante que nos coloquemos
como objetos de outras subjetividades, o que torna possível avançar para uma
construção de vivências entre povos como aporte de uma alteridade cultural.
Caminhando nesse sentido, para se safar do desejo colonizador da cultuação das
inventividades culturais e raciais impostas aos diversos povos da América Latina,
sobretudo para que se supere a cosmogonia cristã que discrimina todas as subjetividades
dos demais povos. Manuela Carneiro propõe a inserção de narrativas outras com o
objetivo de neutralizar para deslegitimar a atual naturalidade e legitimação da
ordem social. O que consideramos na perspectiva decolonial como um desmonte do
poder, do ser, do saber e do ver eurocentrados.
Vivendo sob mesmo sistema de colonialidade (Quijano,2007),
a Amazônia, no século XX, apresenta como referência de prática de desconstrução
de um saber colonial historicamente construído, intelectuais como o literato
amazonense Paulo Jacob, que se distanciando do discurso homogêneo sobre o
espaço e seus habitantes, imprime em seus escritos outras formas de subjetivação,
revendo a condição de racialização vivida pelos povos que habitam este lugar.
Neste universo literário, Jacob elege seus
personagens amazônidas como mulheres, nativos, indígenas, crianças e outros seres
como animais e plantas, com os quais busca formas de confrontar e desafiar a
visão de racionalidade e de ser e saber estabelecidos pela sociedade nacional. Seus romances (em torno de 12 obras de ficção)
evidenciam e propõem o protagonismo e visibilidade principalmente da mulher, dos
rios, das árvores, dos animais e dos demais seres da Amazônia em mesma condição
de existência, inserindo em sua escrita as línguas de diversas etnias, a
situação da terra, da floresta que constituem esta região.
Como exemplo, a prosa poética Amazonas, remansos, rebojos e banzeiros,
publicada em 1995, obra que imerge no universo indígena trazendo para o plano
ficcional as questões que Roa Bastos levantou em Las culturas condenadas,
em relação ao extermínio e ao apagamento cultural. Com isso, Jacob, na Amazônia,
instiga a leitura na tentativa de impor-se no espaço em que a literatura ainda
é do herói branco. Jacob, como os antropólogos de Roa, inverte a “lógica”
histórica.
Em Amazonas,
remansos, rebojos e banzeiros com a presença de um narrador-personagem, o enredo
desenrola em completa simbiose do homem e natureza, ambos em compartilhamento
de vidas no mesmo espaço. A abordagem temática e a própria opção de escrita do autor
instigam-nos a repensar formas de construções de imaginários que circulam no
mercado de produção e consumo de visualidades (colonialidade do ver) promovidos
há um longo tempo na ficção sobre a região amazônica e na própria América
Latina.
O enredo compõe-se de inter-relações imagéticas do que historicamente a
episteme eurocêntrica de cultura x natureza instituiu como visões binárias. Não
é uma obra de enredo idílico, encontramos um rosário de peculiaridades, de
ações e tipos humanos e não humanos que externam práticas de coexistências no
mesmo patamar de subsistências relacionadas ao corpo e a alma, ou mente. Homem
e natureza, ambos com suas almas, convivendo em interação, cumplicidades e
divergências traduzindo imagens e sensações que resgatam tradições e indicam
caminhos futuros para uma re-existência dos povos (Walsh, 2007).
Amazonas,
remansos, rebojos e banzeiros é um convite do narrador-personagem para embarcar
em mundos que negociam imaginários amazônicos ao expressarem suas desesperanças
e esperanças em dividir o efervescente cotidiano da floresta entre amigos: a
amiga samaumeira (uma das espécies das árvores amazônicas) e um indígena de
etnia Inca. A obra pode ser lida também como um projeto de interculturalidade,
no sentido de que vislumbra uma re-inserção no universo das tradições, das
ontologias ancestrais para atingir buen vivir (Walsh, 2007).
A obra em questão já no título metaforiza
a vida imergindo e sacolejando nas águas de seus imensos e importantes rios que
sustentam os seres do lugar. O transitar e o equilíbrio deste universo. Numa
relação de trocas de vivências neste espaço, o narrador-personagem nos conta (e
também, para a amiga samaumeira) a história do povo inca, da exploração
espanhola e seu estabelecimento nas planícies amazônicas. Um narrar que desafia
ao padrão colonial do ser que separa a comunhão humano-natureza, evidenciando o
protagonismo indígena, numa perspectiva de olhar às cosmovisões e práticas
existenciais, territoriais, espirituais dos povos indígenas e das raízes
africanas.
Catherine Whash reafirma a importância
dessa construção de interculturalidade e ilustra essa postura em Eduardo
Galeano quando escreveu sobre a constituição do Equador, relacionando a
Natureza em pé de igualdade com o humano:
Desde que a espada e a cruz desembarcaram
em terras americanas, a conquista europeia castigou a adoração da natureza, que
era pecado de idolatria, com pena de açoite, forca ou fogueira. A comunhão
entre a natureza e o povo, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e
posteriormente em nome da Civilização. Em toda a América e em todo o mundo
seguimos pagando as consequências deste divórcio obrigatório (Galeano, A natureza não é
muda-quando discutia sobre a nova constituição, 2008)
Distanciando
da temática naturalizada da literatura (sociedade nacional) sobre a Amazônia,
essa prosa poética aponta uma inspiradora re-visualidade em seus escritos, pois
enfrenta a malfadada temática da dicotômica Amazônia descrita para exportação
dividida entre inferno e paraíso. São questões que Adolfo Achinte (arte decolonial)
toma para si quando afirma: Fazer arte de acordo com os cânones
hegemônicos petrifica uma única direção da informação, não é uma forma de
criar, mas uma forma mais refinada e complexa de consumir. (ACHINTE, p.158).
Disso Paulo Jacob se liberta.
A prosa poética de Jacob apresenta uma
temática que propõe sumak kaway (vida
em harmonia) ou o buen vivir (viver
bem) baseada numa relação dualista, insistindo na construção de valores não
somente material, mas espiritual, unindo energia e força sem provocar
binarismos e que aponta para convivência - a vivência em respeito e dignidade.
Os 44 capítulos se constituem também em
um verdadeiro dicionário de termos e seres da Amazônia interfronteiriça, uma
riqueza de tipos e viveres em convivências imbricadas entre si para a garantia
da compreensão de que nós pertencemos a terra, e não ao contrário, ou seja, a
terra não nos pertence. Trilhando pela narrativa, há uma espécie de prosear
entre velhos conhecidos, conversas de compadres, o narrador e a sumaúma, ora
falam sobre a mata, rios, ora falam sobre o tempo ou sobre os irmãos da
floresta. O narrador cumpre a missão de evocar a natureza e tudo que nela está
contida em sua idiossincrasia, pois ele é parte intrínseca dela. Toma o rio
Ucaiali como parceiro na trama que entremeiam as ações de outros personagens: ‘Tempão medonho. Cem anos, noventa talvez. O
Ucaiali crescido no pé da terra. Terrão bonito, verdoso, estirado. Julho,
agosto, setembro, dias assim. Os baixios florados. As samaumeiras parindo
frutos de criação. (Jacob, p.09)
Nesse ritmo, o enredo se
desenrola. O narrador por vezes confidencia a amiga e irmã samaumeira segredos
de seu povo, os irmãos incas nos momentos de rituais, de acasalamento e quando
atacados pelas armas dos homens barbudos (brancos):
“Capac certa da feita foi ferrado
de tapiú. Botou cataplasma de matecclu, mode o trato do inchaço. Cura do conhecimento
dos incas. Logo sarou o ferido, passou a febre.” (Jacob, p.23) e:
“Homens,
mulheres, crianças tudo acabado. Brancos barbudos, perversos, malignos. Com
flecha não deu jeito de enfrentar. Muita gente, muita taboca de matar. Levaram
as mulheres. Fizeram mal as coitadas. Muitas morreram. Vingança nunca foi
maldade. Não conheces o nosso passado bela samaumeira. (Jacob, p.15)
Ou ainda para demonstrar o parentesco dele, o homem, terra e
mata confidencia à sumaumeira que: “Os
bons filhos do sol quando morrem se encarnam nas árvores. Sobem às estrelas.
Clareiam a terra, dão cores ao arco-íris” (Jacob, p.25)
Ou sobre as
festas quando lembra: “O Inti Raymi, a
grande festa do sol. Começo do cultivo nos campos. Os caminhos abarrotados de
gente. Subiam e desciam os Andes. Atravessavam rios, igarapés, pontes de cipó.
Acampavam ao lado do templo em Cuzco. Traziam carrego de batatas, milho, feijão,
coca. Ao lado do Sapa Inca, a Coya, a rainha e os nobres. (Jacob, p25)
O narrador-personagem articula as
ações e negociações de seu povo no processo de interação e de aprendizado com
outros povos que circundam a floresta e com conflitos e ensinamentos dos
bichos, das árvores sobre viver bem nesse espaço.
Anibal Quijano (2007), demonstra que há muito tempo se vem discutindo
sobre estes viveres ao mencionar a produção literária de José Argueda que
aponta as
comunidades indígenas latino-americana em uma proposta de comunidade solidária, realidades
materializadas no dia-a-dia do povo indígena – os palenques e outros tipos de
comunidade tradicional – suas metas de felicidades – hoje chamada de bem viver
a partir da categoria indígena, em que colocam
no centro a vida das relações humanas com o meio natural – e não
orientam suas vidas pelo meio do cálculo, custo-benefício, produtividade,
competitividade, etc., suas vidas são divergentes do projeto de capital. (Quijano,
p.18)
Há um enfrentamento na postura desses
personagens e espaços em relação a organização etnocêntrica referente ao ego cogito cartesiano (sujeito puramente
pensante que entende a existência subalternizando ao corpo) instituído
principalmente pelo pensamento eurocêntrico. Quijano, citando Rodolfo Kusch (2000),
aponta o pensamento indígena e popular na América Latina em comunidades que não
se expressa em sentido corpo-objeto, mas através de acontecimentos em que o
emocional cumpre papel fundamental.
Em algumas línguas indígenas não há uma
palavra para sujeito nem objeto. Palavras que podem aproximar-se de ‘sujeito’ é
a palavra coração, as relações se estabelecem entre corações
intersubjetivamente:
...al estudiar la etnia tojolabal plantea que em la lengua de esa comunid no existen las palavras ‘sujeto’ ni ‘objeto’. La palavra que más puede aproximarse a ‘sujeto’ es ‘corazón’ y la relación que se estabelece es entrecorazones, intersubjetiva. Pero como ‘todo tiene corazón’ (la tierra, minerales, vegetales, animales, etc.) (In Farias, p.04)
Walter
Mignolo (2005) irá propor o termo corpopolítica
do conhecimento como forma de superação do egopolítica
do conhecimento. De certa forma, propõe uma discussão que obriga a
desestruturação da relação sujeito-objeto e defende uma intersubjetividade,
englobando a terra (pachamama)
colocando em evidência a sacralização na perspectiva de uma ecologia crítica.
Expõe em suspeição o mito moderno do progresso em detrimento do mito libertador
(não lógica antropocêntrica).
Embora cada povo tenha suas relações
cosmológicas e elegem em suas culturas ações especificas de cada etnia, a
maioria entende a cosmovisão de sua existência. Matías Ahumada (...),
pesquisador indígena, afirma que uma comunidade não se reconhece a si mesma por
fora do lugar que habita. Não há uma exterioridade definitiva, mas algo como
uma interioridade projetada no vale, na montanha, ou na mata.
Voltando à prosa poética de Jacob, o
narrador em conversa com sua amiga samaumeira reflete sobre as hierarquias
existentes na cultura de seu povo. O dever de respeito ao rei Sapa Inca. As relações de casamentos,
entre outros dentro do sistema de vida deste. O ângulo de visualidade que é
estabelecida a partir do olhar etnocêntrico é posto em suspeição. Entre outros acontecimentos, a samaumeira
amiga tomba, é chegada sua hora, é levada pelas águas, rio acima e rio
abaixo. O narrador reserva os últimos
capítulos para observar todo o processo de morte, de seu transportar-se para às
margens do rio, de perigo que corria após seus restos mortais serem desviados
de seu natural caminho (rumar no rio). É um narrar melancólico, de tristeza e
pesar:
“O curumim
brincando. Saltava na água de cima do tronco. Tempão enorme nadando. Quis
navegar na samaumeira. Tirou a envira de amarrada. A tronqueira saiu bubuiada.
Cortada, servindo de jangada. Andar dias, meses, anos talvez. Caminhada
cansadiça, perigosa. Um dia quem sabe sustar caminho. Parar nos restantes da
vida. O tronco morto, apodrecido, largado aos pedaços. Caveira podre de quem
tão bela e orgulhosa foi. (Jacob, p.73)
A prosa poética de Paulo Jacob
alimenta a ideia de um giro decolonial para que a coexistência de homem e
natureza deva prevalecer, tomando como princípio os sentimentos da luta para
viver na Floresta. A trama inicia às margens
do Ucaiali (Peru) e perambula entre os rios da floresta, quando a samaumeira
segue seu destino. No tecer das histórias de cada um presente no enredo
constrói-se de uma postura digna, tanto da natureza como do humano, submetidos
nessa natureza como partes iguais. Pensar a natureza e o ser humano em relação
de trocas e valores é uma irracionalidade própria da lógica-sujeito objeto.
No enredar da conversa das personagens há
uma esperança acalentada na busca da construção de uma soberania alimentar, uma
agricultura familiar e ao regresso dos saberes originários um desejo intrínseco
de uma relação íntima em Abya Yala.
Há também uma disposição para uma aposta em um projeto de vida, de re-existência,
de sentir-pensar e conviver em desacordo com a ordem dominante da matriz
moderno/colonial.
Roa Bastos selecionou – na obra Las Culturas
Condenadas – uma série de textos antropológicos para dizer basicamente que
as sociedades indígenas e não indígenas latino americanas – embora
colonialmente condenadas – são povos que resistem física e culturalmente. Roa
demonstrou isso com o testemunho de etnólogos e etnógrafos, caso dos aliados
politicamente de suas causas. Paulo Jacob, um literato brasileiro, amazonense
em Amazonas, remansos, rebojos e
banzeiros demonstra o quanto a literatura cumpre também tal papel, no caso
em relação às culturas condenadas dos povos ameríndios amazônicos – cumprindo,
com isso, um, portanto, compromisso decolonial.
Las
culturas condenadas e Amazonas,
remansos, rebojos e banzeiros levantam questões pertinentes que possibilita
prosseguimento ao projeto de descolonização com que se tem empenhado alguns grupos
de políticos e intelectuais latino-americanos. Compreendendo que a formação da
ideia dialética de ‘nós’ e dos ‘outros’ é constituição de uma representação de
poder. Criou-se no outro, o povo originário, seres desprovidos de saber e
cultura que foi o contraponto da exigência colonial de transportar a
civilização e a sabedoria para os povos que viviam na ignorância e impuseram-se
como referência, isso percebemos na escassez na produção escrita sobre
temáticas como a do amazonense Paulo Jacob. Distanciando da temática
naturalizada da literatura sobre a Amazônia, a obra aponta uma inspiradora
re-visualidade em seus escritos, pois enfrenta a malfadada temática da
dicotômica Amazônia descrita para exportação dividida entre inferno e paraíso.
Como também, na preocupação de Roa Bastos em compilar textos importantes
denunciando a condição de aniquilamento, temáticas que advertem sobre as formas
que foram construídas a condenação das culturas, apagando vozes, marginalizando
povos de etnias que resistem e buscam aliados que lutem para o ‘lugar devido’
de suas histórias na América Latina.
Referências
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culturas candenadas. Compilación Augusto Roa Bastos. La Edición Servilibro
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Bruce, Albert e Alcida
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Editora: São Paulo:IRD Éditions,
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Quijano, Anibal.
Colonialidad del poder y clasificación (p.93).In: El giro decolonial:
reflexiones para uma diversidade epistémica más allá del capitalismo global/
compiladores Santiago Castro-Gómez y Ramon Grosfoguel- Bogotá: siglo del Hombre
Editores: Universidad Central, Instituto de estúdios sociales Contemporáneos y
Pontifícia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
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* Maria de Nazaré Cavalcante de Sousa é doutora em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC.
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