segunda-feira, 17 de julho de 2017

SOBRE A FAMA E A LIBERDADE EM RB JUNINO DE 2017

João Veras


Enfim, chega em Rio Branco a imensa estátua da liberdade.
Ela é verde e veio para comprar quem se dispõe a se vender.
Os teatros estão vazios. Os bares lotados.
As igrejas universais disputam fieis. As bocas, quartéis.
A fundação municipal de cultura fecha o conselho e abre edital de emprego temporário. Ela agora é agência de artista. Quem oferece menos!
A fundação estadual, coitada, ocupada com as empresas de vigilância pagas para olhar o que já foi arremedo de política de cultura e também as ruínas que restam do patrimônio cultural.
Os governadoráveis não trabalham mais.
Até a eleição do ano que vêm são santinhos.
Nos arraias juninos oficiais, a cultura popular continua pulando:
olha a cobra!
E dança, e como dança essa cultura! Anarriê!!
Os jovens são lançados ao mundo da fama do festival estudantil da canção acreana evangélica/caipira do ensino médio.
Enquanto isso, alguns artistas agradecem de joelhos ao estado por cantarem improvisados nos pátios das escolas. O cachê é miserável mas a satisfação é rica. “Todo artista tem que ir aonde o povo estar.” Justificam. Assim ocupam as suas partes nesse latifúndio do acre da esperança.
No mundo da fama anônima cabem todos.
Os acadêmicos da poesia beneditina
choram pelo retorno de suas deusas eternas
enquanto humanos são todos os dias assassinados em RB.
Mas “está tudo sob controle!”
- Graças aos santos e à liberdade verde.
Assim continuará tudo sob o controle.

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