Enfim, chega em Rio Branco a imensa estátua da liberdade.
Ela é verde e veio para comprar quem se
dispõe a se vender.
Os teatros estão vazios. Os bares lotados.
As igrejas universais disputam fieis. As
bocas, quartéis.
A fundação municipal de cultura fecha o
conselho e abre edital de emprego temporário. Ela agora é agência de artista.
Quem oferece menos!
A fundação estadual, coitada, ocupada com as
empresas de vigilância pagas para olhar o que já foi arremedo de política de
cultura e também as ruínas que restam do patrimônio cultural.
Os governadoráveis não trabalham mais.
Até a eleição do ano que vêm são santinhos.
Nos arraias juninos oficiais, a cultura
popular continua pulando:
olha a cobra!
E dança, e como dança essa cultura! Anarriê!!
Os jovens são lançados ao mundo da fama do
festival estudantil da canção acreana evangélica/caipira do ensino médio.
Enquanto isso, alguns artistas agradecem de
joelhos ao estado por cantarem improvisados nos pátios das escolas. O cachê é
miserável mas a satisfação é rica. “Todo artista tem que ir aonde o povo estar.”
Justificam. Assim ocupam as suas partes nesse latifúndio do acre da esperança.
No mundo da fama anônima cabem todos.
Os acadêmicos da poesia beneditina
choram pelo retorno de suas deusas eternas
enquanto humanos são todos os dias
assassinados em RB.
Mas “está tudo sob controle!”
- Graças aos santos e à liberdade verde.
Assim continuará tudo sob o controle.
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