Pesquisa realizada pela Economist Intelligence Unit, um dos sistemas de consultoria mais
respeitados do mundo, coloca o Brasil em situação humilhante: penúltimo lugar
numa lista de 40 países. A Finlândia e a Coréia do Sul aparecem nos primeiros
lugares. O Brasil e a Indonésia em últimos lugares.
Como se isso fosse pouco, o último relatório
elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), sobre o índice de desenvolvimento da Educação, feito em 128
países, o Brasil aparece na 88ª posição. Países menos desenvolvidos apresentam
uma posição melhor, como Honduras (87ª), Equador (81ª), Bolívia (79ª). Ainda, o
Brasil está aquém de nossos vizinhos e parceiros comerciais como Argentina
(38ª), Uruguai (39ª) e Chile (51ª). Esses dados demonstram que as políticas
pedagógicas que norteiam a educação no Brasil são equivocadas.
Percebe-se, nos últimos anos, um ensino
fortemente influenciado pela reestruturação produtiva, pelas inovações
tecnológicas, pela nova organização do trabalho, pelo modelo de globalização
dos mercados, a exigir novos perfis profissionais. Criou-se, assim, uma
educação voltada ao mercado de trabalho, entendida pela lógica do capital,
visando contribuir para o projeto político pedagógico da burguesia. A classe
trabalhadora foi abandonada.
Educação, no Brasil, é tratada como
mercadoria. Tanto isso é verdadeiro que professores brasileiros entram e saem
das greves de mãos e bolsos vazios. Nada conseguem dos governantes. Esquecem-se
os políticos (ou lembram-se, o que é mais grave) que a educação é a única forma
de criar indivíduos pensantes e autônomos, pois ela desenvolve a capacidade de
reflexão e julgamento da realidade. Ou seja, a educação desenvolve a capacidade
de informação e entendimento para uma análise e avaliação da sociedade em que
vivemos.
Ademais, a educação prepara os indivíduos
para a não aceitação, a manifestação, o afrontamento e a revolta; ensina-os a
romper com as maneiras de ver, sentir e compreender as coisas. Por isso as
escolas devem ser sempre consideradas um espaço de exercício da liberdade e da cidadania,
pois ali se adquire atitudes, valores, orientações e espírito crítico.
É, assim, a escola, um espaço eminentemente
político que deveria fomentar a liberdade individual e coletiva, possibilitando
as mudanças sociais necessárias para a felicidade humana. Contudo, em nossa
época, a escola reproduz os valores, o imaginário e as condições sociais
dominantes do sistema cultural. A educação tornou-se, apenas, o meio pela qual
o sistema de domínio social está constituído, como se mantêm e como se perpetua.
Portanto, se há um culpado pela má qualidade
do ensino, isso se deve as políticas públicas de educação implantadas nos
governos neoliberais que tira de si essa responsabilidade e a debita aos
brasileiros. Cada família cuide dos seus filhos. Cada pessoa torna-se
responsável por sua educação formal.
A chamada era da globalização e o
desenvolvimento do Estado Neoliberal, grosso modo, diminuíram o papel do estado
na economia e reduziram o investimento e alcance das políticas públicas. A
partir de então o trabalhador se viu inserido em um novo mundo, onde teve que
enfrentar o desemprego estrutural, o subemprego, o baixo nível das condições de
ensino, a exigência de muitas qualificações e a grande concorrência do mercado
de trabalho.
Nesse contexto, cada trabalhador depende de
si mesmo para se educar, para conhecer as novas tecnologias, atualizar-se e
acompanhar as mudanças do mundo globalizado. Hoje, tornou-se difícil manter-se
empregado quando o mundo está em constante transformação. A responsabilidade
pela formação profissional e cultural não compete mais ao Estado, mas aos
próprios indivíduos. As exigências são muitas e demandam um profissional que
invista nele mesmo, pois o mundo globalizado espera que os indivíduos se
esforcem e adquiram múltiplas competências, sejam multifuncionais, criativos e
comprometidos com as exigências do mercado capitalista.
Finaliza-se a reflexão dizendo que as
experiências têm demonstrado que os países que conseguiram resolver as
desigualdades educacionais também conseguiram resolver as desigualdades sociais
e tornaram-se mais democráticos. A educação produz autonomia de pensamento e,
em consequência disso, produz a opinião, o livre julgamento e a participação
política, que são os fundamentos da democracia. Vamos avançar, Brasil! Um
caminho? Mudar a direção política, votar em pessoas preparadas para a
transformação desse cenário caótico. É urgente que em 2016 façamos melhores
escolhas. O Brasil transformou-se num mau exemplo ao mundo moderno.
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