A despeito dos maus e dos maledicentes
Que hão de invejar nossa alegria, nós seremos
Às vezes orgulhosos mas sempre indulgentes.
Iremos joviais nos caminhos extremos
Que sorrindo a Esperança há de mostrar após,
A existência dos outros, nós ignoraremos.
Isolados no amor como em bosque sem sóis,
Os nossos corações que só a ternura inspira,
À tarde cantarão como dois rouxinóis.
E se o mundo nos for doce ou repleto de ira.
O que faremos dos seus gestos? Afinal
Ele nos dê carícia ou nos tome por mira,
Unidos por um elo o mais caro e fatal,
E ainda levando uma armadura adamantina
Sorriremos a todos, sem temer nenhum mal.
E sem cuidar jamais de quanto nos destina
A sorte iremos nós, braços dados em suma,
O passo sempre igual com a alma (esta menina)
VERLAINE, Jean-Marie. Poemas. (trad. Jamil Almansur Haddad). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. p.144
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