Hélio Melo
Seringueiro está
perdendo seu valor
Cariu cariu
Tempo bom por pouco
tempo
Era bom já se
acabou
Nos querer só a
terra morar
A seringa é que dá
vida
E a tendência é
terminar
Nossa luta pela
terra
Foi de guerra
Tanto sangue
derramado
Em vão
Confiamos na
existência
De Tupã
Recobramos nossa
vida
Em nossos dias de
amanhã
MAPINGUARI
Hélio Melo
Olha ele aí
Olha ele aí
Bicho feio da
floresta
Que jamais pode
existir
Olha ele aí
Olha ele aí
Bicho feio da
floresta
Que jamais pode
existir
Canacuri índio
guerreiro
Da raça jamamadi
Alertava os
seringueiros
Aos perigos a
existir
Não adianta
O homem forte
Corre perigo de
morte
Enfrentar mapinguari
Mapinguari é uma
fera
Que corre grande
perigo
Índio para o matar
A flecha tem que
acertar
Ou no olho ou no
umbigo
Canacuri canacuri
Vamos unir nossas
forças
Pra matar mapinguari
Vamos unir nossas
forças
Pra matar
mapinguari
PRANTO DOS ANIMAIS
Hélio Melo
Os animais também
choram
Sem esperança de
alegria
No lugar das
derrubadas
Eram suas moradias
Os animais também
veem
A falta de ecologia
Sentem falta de
alimento
Que ataca a cada
dia
São as causas
principais
Que os animais
Não terem mais
alegria
Na mata só se vê o
Fogo na floresta
sumindo
Muitos prédios se
construindo
Do outro lado nem
se fala
Só se ouve zum zum
da bala
Aos animais
perseguindo
FIM DA CAMINHADA
Hélio Melo
Numa toalha
Banhada de sangue
O homem da floresta
Adormeceu
Adormeceu quando
uma forte
Tragédia
Fez os seu corpo
ficar
Pálido e frio
Que não teve tempo
de dar
O último adeus aos
Companheiros
Se seus restos
mortais falassem
Diria para seus
amigos
Terminei minha
jornada
Mas valeu a pena
Meu trabalho mesmo
Sofrendo perseguições
Espero que minha
ausência
Não se transforme
em
Desespero e sem
Entusiasmo para que
Sejam colhidos os
frutos
Da semente que
plantei
NO QUINTAL DE MINHA
CASA
Hélio Melo
No quintal de minha
casa não pensei
Pois haviam
preparado
Tudo para mim
Mas não pensei
Não pensei
Numa hora tão
minguada
Uma emboscada
Foi a casa do meu
fim
O mundo inteiro abalou
Na rádio na
televisão
Seu nome ficará na
história
De fracasso e
glórias
De um tempo que
marcou
Mas não pensei
Não pensei
Numa hora tão
minguada
Uma emboscada foi
A causa do meu fim
MELO, Hélio. Via Sacra
na Amazônia. Rio Branco: Fundação Elias Mansour, 2003. p.41-45
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