A Domingos de Andrade
Desce as águas do
rio imenso e espumejante,
vogando à
correnteza a pequenina igara,
a cabocla gentil, a
invencível amante
d’esta terra que o
sol ardentemente aclara.
Na viva luz do
olhar profundo e cintilante,
no colo rijo e nu,
de uma beleza rara,
um misto singular
de deusa e bacante,
a carne abrindo em
flor, de volúpias avara.
Ninguém sabe dizer
que destino procura...
nas tribos contam
que, perdida de amargura
de um amor infeliz
que há muito lhe fugiu.
abandonou a taba, o
rumor dos palmares
e vai pedindo à
morte a sombra de outros lares,
descendo, nua e
bela, a corrente do rio.
Manaus, 904
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