Nasceu em 04 de agosto de 1890, cearense de
Uruburetama, Estado do Ceará. Faleceu em 12 de julho de 1977, no Acre, vitimado
por uma trombose, na residência de sua filha Leyde Braga Thomé da Rocha
Fontenele, onde fixava residência. Viveu no Acre sessenta e um anos.
Em 1903 – Estudava em Fortaleza, tendo saído de
casa em 14 de outubro.
Em 1906 – Residia, no Rio de Janeiro, com o tio
Cel. Cândido Thomé. Foi convidado para estudar no Colégio Militar. Não aceitou.
Achava que era humilhante um homem prestar continência a outro.
Em 09 de abril de 1907 – Saiu de Fortaleza rumo
ao Amazonas. Na noite do dia 20, chegou em Belém.
Em 17 de maio de 1907, conheceu pela 1ª vez o
município de Cruzeiro do Sul.
Em 1910 – Esteve no Seringal Belo Monte, viajando
em canoa, sofreu um naufrágio, não sabendo nadar, salvou-se milagrosamente.
Em 1911 – Em Tarauacá, foi nomeado Comissário
de Polícia do 2º Posto Fiscal do Marco do Remanso, no Alto Juruá.
Em 1919 – Exerceu o cargo de Escrivão de
Polícia da Delegacia Auxiliar de Rio Branco. Anos depois, foi zelador dos Próprios
do Território.
Em 1920 – Aos 29 anos de idade, casou-se com
Lupercínia Braga Thomé Rocha (aos 17 anos). Desse matrimônio que perdurou por
58 anos, nasceram 25 filhos dos quais 10 estão vivos (Leide, Neide, Ruymar,
Ruyter, Leydalva, Antônio, Luzdalva, Ruydalberto, Ruykleber e Ruyvaldo).
Em 05 de janeiro de 1924 – Foi nomeado Fiscal
de Consumo da 14ª Circunscrição de Rio Branco.
Em 1935 – Trabalhou na Diretoria de Obras, na
Agricultura e Trabalho. Tornou-se um grande Getulista. Na época política, subia
aos palanques para discursar em favor dos pobres. Como símbolo do Getúlio,
usava uma gravatinha branca, laço borboleta. Foi um período de muita dificuldade
e dizia, enquanto existir Cruzeiro em nossa moeda, o Brasil, economicamente,
não vai pra frente. Passou 13 anos desempregado, por esse motivo, dedicou-se à
criação de gado. Foi, no Governo de Epaminondas Martins, preso político, durante
24 horas. Na véspera da prisão uma das filhas (Neyde) sonhou com a casa cercada
de soldados.
Como espírita, tomou como aviso. Imediatamente enterrou
a documentação política sob o assoalho de uma antiga residência em ruína. Assim
que terminou a operação, os policiais chegaram, vasculharam tudo, nada
encontraram. Recebeu ordem de prisão. Aceitou, dizendo que iria numa maca, pois
estava com febre. Após o ato, ele mesmo criticava – “Fui nos braços deles, com
os meus pés, não”. Viveu no Acre sessenta e um anos.
Em 24 de agosto de 1948, no Governo do Cel.
Silvestre Coelho, foi admitido como Bibliotecário Auxiliar, referência XXI, mediante
o salário de CR$. 1.950,00, no qual foi aposentado. Nos últimos anos de vida,
adquiriu o hábito de visitar, diariamente, os amigos: D. Alegria, Raymundo
Melo, Raymundo Braga, Crisar Leitão, Aldenor e muitos outros, exigindo, ao
chegar, uma cadeira, em seguida, um cafezinho com leite. A alimentação de sua
preferência era coalhada (pela manhã, na sobremesa, na merenda e no jantar).
Ostentava um tradicional chapéu, um guarda
chuva ao braço e paletó com os bolsos volumosos de poesias escritas em qualquer
pedaço de papel, até mesmo de embrulho. Apelidaram-no por “Manteiga”, resultado
de uma brincadeira ao arremessar uma lata desse produto, quando solteiro, entre
colegas de quarto. Foi muito exigente com os primeiros filhos. As filhas, aos
19 anos, não andavam pintadas nem dançavam com cavalheiros, só com damas.
PARTE LITERÁRIA – Para não perder as
inspirações noturnas, às vezes, levantava-se alta noite para escrever. Deixou 322
poesias com variados títulos: a noiva, Ela, sempre, ela, telegrama visual,
tribunal do amor, fivela humana, sole ciúme, elo perdido, santo do pecado,
reboliço do amor, o lençol, virtude entre lágrimas, saliva do amor, ninho de
noivado, sobra de amor, etc.
POETA DE SUA PREDILEÇÃO: Olavo Bilac, Gonçalves
Dias, Alberto de Oliveira (Thomé dizia: “Poeta do meu estilo”), Raymundo
Correia, Camões e escritores como Ruy Barbosa. Gostava de repetir a expressão do
escritor: “Não há justiça, onde não haja Deus”. Em homenagem a “Ruy”, os filhos
receberam no prenome, o prefixo Ruy.
ESTILO DE THOMÉ: sílabas soltas
Em simples revoar
Da alma
ritmada.
SANTOS, José Alves dos. BOSQUE - Thomé Manteiga
(1890-1977). Rio Branco: s/d. p. 6-11
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