A HISTÓRIA DE CORAGEM E AMOR DE HELENA COLLINS NO APOIO A MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
Tomo a liberdade de citar um pequeno trecho de um e-mail que, recentemente, recebi de uma amiga informando sobre o lançamento de seu livro: “Querido Isaac e todos os acreanos; abaixo você encontra o link para meu livro. Espero que (1) muitos acreanos vão ser capazes de ler o mesmo em inglês, e (2) que tanto as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica como os homens, que dirigem sua própria raiva às suas próprias esposas e filhos, sejam capazes de se beneficiar com tal leitura. Pensei traduzir tal livro para o português, mas depois de praticamente 25 anos aqui minha habilidade com tal língua não é mais tão boa como 25 anos atrás.” Essas palavras são de Maria Helena Vanderlei Collins, acreana de Tarauacá, que desde agosto de 1986 reside nos Estados Unidos. Helena Collins trabalha como profissional de saúde mental bilíngue (inglês e espanhol) no Choices Counseling Center Of Memphis (Centro de Aconselhamento), em Memphis, no estado do Tennessee, onde oferece ajuda profissional às vítimas de crimes como estupro, sequestro e violência por parceiro íntimo.
Helena Collins fez diversos cursos de inglês e espanhol, sendo licenciada para ensinar espanhol (I, I, e III) e psicologia, em nível secundário. Concluiu os cursos de Psicologia e Mestrado em "Community Agency Counseling (Mental Health Counselor)", ambos pela "Memphis State University". Em 1999, iniciou o programa em "Clinical Psychology (PhD)" pela “Fielding Graduate University”, em Santa Bárbara, Califórnia, quando, em 2004, teve que deixar por, entre outros motivos, o de sofrer discriminação racial. Ingressou no "Educational Leadership and Change”, onde concluiu seu doutorado em 2010.
O fato de sofrer constante discriminação racial, e mesmo agressões físicas por parte de seus alunos, entre outros, forçou-a a se aposentar como professora. Em Memphis, onde reside, atende inúmeras pessoas vítimas das mais diversas formas de violência, a quem muitas vezes presta um trabalho voluntário, quando não, cobra apenas um preço simbólico. Por causa de tal serviço sua própria vida muitas vezes esteve em perigo. Mas, como Helena costuma dizer: “Who does not live to serve others does not serve to live” (quem não vive para servir não serve para viver).
Helena Collins, entre tantos desafios que enfrentou durante esses anos, construiu uma história marcada pela coragem, pela fé e pelo amor, expresso no serviço e dedicação a tantas vítimas de violência. Prestamos, aqui, nossa homenagem de gratidão, carinho e respeito à Helena Collins pelo seu trabalho e pela sua história de vida. Que acreanos e, sobretudo, os norte-americanos tenham sempre em mente o testemunho de alguém que veio a este mundo para fazer o bem, seja aonde for.
SOBRE O LIVRO
Violência doméstica é uma condição opressiva que se estende através da raça, classe e sexo (masculino/feminino) nos Estados Unidos (Sokoloff, 2005). Nesse estudo, Collins examinou mulheres de origem Hispana que já estiveram em situação de violência doméstica e a relação delas em busca de ajuda (iniciativa própria para buscar assistência).
Em particular, a pesquisa enfocou as percepções de mulheres Mexicanas Imigrantes e Mexicanas Americanas em relação aos serviços sociais disponíveis a elas. O estudo também explorou como o comportamento dessas mulheres, na busca de ajuda, é afetado por seu grau de aculturação e pela incidência de violência entre duas pessoas que tiveram ou ainda mantém um relacionamento íntimo de caráter sexual. A intenção da autora era compreender se existe diferença(s) entre estes dois grupos éticos e similares. Para isso, ela revisou tais diferenças de percepção individual sobre a situação dessas mulheres, como também o conhecimento (se estão informadas) sobre a qualidade de serviços sociais disponíveis a elas. Para estudar tais fenômenos, Collins entrevistou dez mulheres mexicanas imigrantes e sete mulheres mexicanas americanas que estavam vivendo em Memphis, Tennessee, com as quais trabalhou na coleta de dados. Para investigar esse fenômeno usou uma combinação de métodos de pesquisa. Para coletar dados de natureza quantitativos usou ARSMA-II, (Cuéllar & Maldonado, 1995), o Inventory of Abusive Conduct (Shepard & Campbell, 1992) e uma entrevista desenhada diretamente para esse estudo - parte demográfica. Os dados de tipo qualitativo foram obtidos através da aplicação de uma entrevista tipo semi-parcial. O método descritivo foi usado, bem como, testes e análises constante de comparação para analisar e reportar as perguntas quantitativas. Tais métodos foram inicialmente usados em outros estudos (Glaser, 1965). Collins reporta ainda aos obstáculos que as mulheres de origem Hispana encontram quando tentam buscar ajuda de profissionais da área social, tais como psicólogos, trabalhadores sociais, polícia, corte, juiz, imigração, médicos, abrigos, pastores, padres, e outras pessoas (amigos, família, vizinho) e a ausência de diferenças entre o nível de aculturação e a incidência de violência doméstica entre casais, independentemente se eram mexicanas imigrantes ou mexicanas americanas. Por fim, a autora, nesse estudo, incluiu algumas recomendações para melhorar a qualidade de serviços prestados a esta população, como também, sugestões para futuras pesquisas científicas.
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Um comentário:
Esta mulher é uma verdadeira guerreira. Parabéns tia. Lembre-se que estamos lhe aguardando aqui no Brasil. Teu sobrinho, Julio Paes.
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