O que é conhecimento, quais são suas fontes, como é possível assegurar se o conhecimento é confiável, verdadeiro, falível ou não, é disso que se ocupa uma área da Filosofia chamada de "Teoria do Conhecimento".
Para os céticos nada se pode saber com certeza. Platão discorda, pensamos por meio das ideias, ao mesmo tempo elas são o que há para ser conhecido após uma difícil empreitada, que começa com os objetos físicos apreendidos pelos sentidos, que nos enganam, até o mundo superior, inteligível.
Aristóteles considera que o acesso ao real, aos seres individuais é direto; a fonte do conhecimento é a capacidade de perceber e de pensar, e isso não se deve às ideias, que são apenas abstrações. Para conhecer a causa geral de todos os seres é preciso partir da experiência e ir abstraindo até formular juízos sobre a essência e as características das coisas.
Empiristas pensam que a experiência é fundamental, racionalistas como Descartes rejeitam a experiência como fonte: ela pode nos enganar e todo saber só é digno do nome for indubitável, evidente e claro.O homem é uma coisa pensante dotado de um corpo, pura matéria.
Kant dá um passo definitivo e imprescindível: o conhecimento se estrutura por meio de formas puras, transcendentais sem as quais o mundo sensível permaneceria caótico e inacessível.
A fenomenologia eleva os fenômenos kantianos à condição de essência. Enquanto Kant se detinha na faculdade humana de apreensão ou intuição, dizia que o mundo das coisas em sua própria essência é inacessível, a fenomenologia de Husserl afirma que o conhecimento é das coisas mesmas. O fluxo da consciência que se tem dos fenômenos, das coisas (seja qual for a natureza delas) é próprio da consciência, é imanente a ela e, ao mesmo tempo, há a consciência tem papel transcendental, o "eu penso" é evidente, tal como para Descartes.
Chama-se "Epistemologia", a indagação sobre o tipo de conhecimento da ciência. Já não é mais um sujeito que conhece realidade a questão central, e sim quais são os meios para construir o edifício da ciência: experiência, testes, observações, instrumental técnico, sínteses sob a forma de leis e grandes teorias.
Entre os epistemólogos se destacam: Wittgenstein (de cuja expressão "edifício da ciência" me apropriei; os filósofos analíticos (como Carnap, para quem o conhecimento científico é o único verificável, portanto, o único confiável); Popper (o critério para o conhecimento científico é a refutação, em contraste com o que é irrefutável como ideologias e credos) e T. Kuhn com a noção de paradigma (apenas a ciência progride e isso se deve aos paradigmas que funcionam como modelos capazes de levantar todo um campo prático e teórico utilizável pelos cientistas em dada época).
Pois bem, em linhas muito gerais é disso que trato em meu último livro "Curso de Teoria do Conhecimento e Epistemologia", resultado de aulas na UFPR e das aulas na PUCPR sobre essas disciplinas. Agradeço aos meus ex-alunos e alunas.
Lançamento do livro da Professora Inês Lacerda Araújo. |
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