João Veras (15/03/15)
Não tenho encontrado posição na cama para
sonhar...
Então fico de pé!
Curto, Comento, compartilho?
Engulo a seco ou peço pra sair da minha linha
do tempo?
Nada disso...
Mas nem tudo é igual
Eu disse: nem tudo é desigual
Dois e dois não significa vinte e dois
Cinco e sete, sim, quer dizer cinquenta e
sete
Como quase tudo pode ser claro se tudo é
quase escuro?
Há mais de mil tons para pintar minha
bandeira
E a gente se entende para além da falsa
desonra
Tem rede mas não tem balanço – tem sede mas
não tem copo
Pátria de remanso sempre esse povo de querer
manso
No curral de cem milhões de cercas
não mastigo a direita vestida de esquerda
não degluto a esquerda vestida de direita
não me alimento de centro e seu guarda roupa
de duas camisas
ando de corpo nu e olhar paralaxe
Esqueceram o céu e o buraco abaixo? E as
transversais?
São tantos os furos ao longo do túnel!
Essas estrelas da manhã salpicando meu
caminho
E eu ainda de pé cara a cara com o pesadelo
As palavras não mudam o real – elas alteram o
imaginário (de quem?)
Alagação, por exemplo, basta falar que ela
tudo corrompe
Saiu do noticiário empresarial, não mais
existe
Só as contas da solidariedade oficial a
distribuir dividendos
E o alagado enlameado de dívidas com o
mercado
O mercado da feira e o mercado do voto
Mas não se aborreça, são os nós da imaginação
As notícias constroem o mundo
Diz a placa: não se deve tocar em arco-íris
antes do registro fotográfico
Pois eu toco e nem tiro retrato
Bocejam para mim nessa grita mouca de
história
não durmo enquanto bocejam
me contamino, contaminam-me eu já vacinado
estaciono no posto de troca de sangue
Completa! São sangues adulterados
Todo dia, toda hora, todo segundo
cobrado, cobrador
a favor e contra - contra a favor
Nem duas coisas nem dez, milhões
nada, tudo
É que nada e tudo ocupam o mesmo espaço
É que alguma coisa muda para se manter
É que alguma coisa é nada para ser tudo
É que, quando parece, é, ou não! (é?)
São 500 ladrões honestos no parlamento
São milhões de cães suspeitos no lamento da
rua
Respeitáveis na luta para dar de comer a
dúvida regada à certeza
Á dívida da nação à natureza
Cães suspeitos enrolados pela língua do discurso
Nesses mais de cinco séculos de correrias e
de cinismos
Quinze mais treze pode ser vinte e oito,
portanto nada que me interesse
Nem as partes, nem seu resultado que faz mal
A soma das mentiras não altera a ordem da
verdade
Para essa locução da coisa pública, no dog
center eu insisto: au, au, au!
Minha história sempre entra por uma porta e
sai pela outra
Quem quiser que o mundo desacabe que conte
outra
Quem não quiser que permaneça no estado em
que se encontra
Que eu proclamo o resultado
Sem ponto final nem curtição
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