HOMENAGEM AO DR. ASSIS VASCONCELLOS PELOS
ESTUDANTES ACREANOS DA CAPITAL AMAZONENSE
Das homenagens que foram prestadas ao Dr.
Assis Vasconcellos, honrado Interventor Federal do Acre, quando de sua passagem
pela capital amazonense, destacamos a que foi feita pelos estudantes acreanos,
da qual foi orador oficial, o inteligente seabrense – Djalma Accioly da Cunha
Batista, cujo vibrante discurso publicamos abaixo:
“Sr. Interventor Assis Vasconcellos.
A mocidade estudantil acreana, em Manaus, vem
trazer-vos as mais expressivas e sinceras homenagens.
Na vossa pessoa de lutador em prol de nossa
terra gloriosa e querida, para cujo governo interventorial foste em boa hora
escolhido, escarna-se neste momento, todo o nosso Acre, que está esquecido, mas
nunca, jamais derrotado.
A epopeia verdadeiramente heroica que
culminou com o 17 de Novembro de 1903, quando o gênio de Rio Branco, o imortal
chanceler, fez valer os direitos do Brasil à região acreana, no tratado de
Petrópolis, essa epopeia não foi senão o prólogo de outra que se processou
nestes trinta anos que se sucederam.
A nossa história, portanto, tem no Acre uma
fonte de heroísmo e de glórias. Para a imortalidade, foi lá que ecoaram por
todo o Brasil, os nomes e os feitos imarcessíveis de Plácido, o caudilho
indomável e invencível; de Antunes Alencar, de Clínio Tavares Brandão, de
Francisco Mangabeira, de Epaminondas Jácome e de tantos outros. O desbravamento
do rincão mais moço do Brasil é outra página fulgurante no desenrolar da nossa
civilização.
Descendentes que somos desse pugilo de
bravos, nós também nos capacitamos nas maravilhosas pugnas pelo saber, para
continuarmos amanhã a obra que os que mourejam no Acre realizam com coragem,
denodo, patriotismo e sacrifício.
O vosso encontro com a autoridade suprema do
país, o Sr. Presidente Getúlio Vargas, dentro em breves dias, faz descortinar
um horizonte muito amplo, límpido e estrelado para a nossa gleba.
O Acre não pede favores.
Reclama o que tem direito.
Que o governo federal nos proporcione algo
dos milhões que arrecadou proveniente da nossa borracha, da nossa castanha e
dos nossos outros produtos, para que possamos reerguer, mostrar que no Acre há
possibilidades e há realizações.
De que nos serve o Acre como está, com um
governo sem a necessária independência de ação, que só a autonomia pode dar;
com insignificantes doações orçamentárias?
Precisamos de navegação eficiente e acessivo;
precisamos de braços novos, de corrente migratória intensas, de quem vá,
garantido pelo poder público, como se fez nos Estados do Sul, explorar as
nossas riquezas, amanhar o solo, agricultar as nossas terras, desenvolver a
pecuária; precisamos de médicos, de higienistas, de remédios para o saneamento
da região e a fim de que, restaurando o físico, seja levantado o moral de nossa
gente; precisamos de técnicos que venham organizar as nossas indústrias;
precisamos de escolas e de ginásios para que neles os acreanos se instruam e se
eduquem suficientemente, dilatando a sua visão, que só o contemplar da
imensidade das nossas selvas, torna limitada, estreita; precisamos, sobretudo,
salvar a borracha, manufaturando-a aqui mesmo para o abastecimento do Brasil e
desafixia do nosso comércio honrado.
Tudo isso vós o sabeis, há de se fazer mais
cedo ou mais tarde. O Acre há de ter a sua autonomia, há de receber o que lhe é
devido; há de solucionar todos os problemas de magna importância.
A mocidade estudantil acreana, em Manaus, tem
certeza, porém, que sabereis defender o Acre e o seu povo, está convicta que
conhecereis precisamente as nossas necessidades.
E por essa razão vos considera talhado para
pleitear e conseguir do Sr. Presidente Getúlio Vargas, tudo que o Acre precisa.
Aceitai, portanto, os nossos saudares, com a
expressão verdadeira e eloquente da nossa afeição, da nossa amizade e do nosso
amor para com a gleba em que se nos descerraram as pálpebras no primeiro
momento de nossa existência, e como o testemunho espontâneo, e sincero, do
nosso respeito, da nossa admiração e da nossa solidariedade com a pessoa do
preclaro e digno Interventor Assis Vasconcellos.
Jornal A Reforma, 22 de outubro de 1922 (Num.
733, Ano XVI)
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