Jovem defendendo-se do Amor, 1880, William-Adolphe Bouguereau |
O deus loiro, rosado e nu, que os poetas
Pintam de aljava ao ombro e arco cingindo,
E, como os serafins e as borboletas,
Com um par de asas palpitante e lindo;
O menino pagão que, nas inquietas
Pupilas de alguns olhos, mora; e, rindo,
Aí às vezes se diverte, setas,
De dentro para fora, despedindo;
Um dia a tais prazeres se abandona
Dentro dos vossos olhos, e, imprudente,
Em um dos olhos fere a própria dona...
Ei-la a flecha nefasta; eu vo-la entrego...
Resta um dos olhos só, mostrando à gente
Que o amor não é completamente cego.
CORREA, Raimundo. Poesias. São Paulo: Livraria São José, 1958. p.94
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