as janelas estavam
assassinadas
assistiam a tudo
ao mar, às aves, à
montanha
nunca mais fechadas
fecundadas de vento
arrebatadas de sol
batidas pelo
firmamento
e as janelas nunca
mais se fecharam
porque não havia
ninguém mais lá dentro
porque os poros da
casa se abriram
às verdejantes
trepadeiras
que cobriram todo
traço do passado
Noite negra
Noite. Noite negra,
nesta montanha.
Unidos pelo mesmo
hálito,
o mesmo manto sem
estrelas.
Nesse mundo, onde
estamos nós?
Nessa noite negra.
Tão negra
que deixamos acesa
aquela luz.
Entre nós. Nossas
luzes.
Negra noite
um poema azul
um poema azul
sai da parte nova
da velha cidade
que escreve a cena
do azul poema
sob sol tão belo
por que neste zelo
esta cor tão velha
renova revela
risco no vermelho
sua prova senha
que azul aceita
por que neste traço
não se lança,
pássaro
sobrevoa aquela
longínqua montanha?
esta cor tamanha
faz-me prisioneiro
e do ar cordeiro
que do texto
inteiro
sou escrito nela?
leva me revela
sobrevejo aquela
forte aquarela
e naquela tela
me lanço no ar.
meu amor primeiro
vejo-te inteiro
neste meu ofício
de fantasiar.
mas triste é a
noite
e esta senhora
que me trouxe a hora
para vida a fora
eu me lastimar.
cada vez mais perto
estende o seu mundo
seu ponto segundo
seu sagrado ato:
que não creio
revele
seu pior segredo:
nem por mais sentir
o menor dos medos
pois neste ofício
pois neste tinteiro
o azul faz poema
e a tua pena
vai-te envenenar.
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