O que mais queres
tu de mim, colonizador?
Além desse acre de
terras com fartas madeiras sem lei?
Que eu rogue por
seus empréstimos, essa tua riqueza que me roubas?
Que eu continue
seguindo as tuas bulas, fórmulas e mapas-armadilhas?
Que eu viva a sorri
pra ti? A abrir pernas, estradas e mentes?
Queres ainda mais
meus pobres conhecimentos que valem outro?
Minhas ignorâncias
sobre tuas estratégias de saber?
Que eu faça mais
poses para tuas fotografias de viagens?
Que eu consuma mais
as tuas artes, as que eu não entendo e as que são feitas justamente para eu
entender?
Que eu continue
acreditando em teus deuses?
Que eu viva a te
receber como um dos meus melhores?
Queres ainda que eu
morra desejando ser como você?
Que eu viva
sonhando ser um dia você?
Que eu seja você?
E que me mantenha
sem vestes a seios nus matando a sede dos teus baratos com minhas bebidas?
Ofertando-te o que me resta de sagrado?
O que mais queres,
além de meu corpo, da minha história, dos meus sonhos?
Pois agora eu não
te dou mais! (...assim pensou alguém lá nos fundos da aldeia, no mais
respeitoso silêncio).
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