percebemos a chaga
não tocamos a alma.
brasa em negro fogo consumida
semente bipartida.
julgas possuir toda ciência
se saber rir apenas
quando é preciso rir
é mister no entanto descobrir
que também no muito riso há pranto.
a máscara sustém dois olhos
um é cego porém. de fato
só um olho vê. por isso
conheces silhuetas
e não a dimensão total
aquela dimensão que
pode ser transdimensional
entre todas
é mais constante e mais real.
a caverna de platão.
que sabes das rosas renascidas?
das estrelas em luz desfalecidas?
da liberdade e do amor?
ser livre em essência é ser cativo.
RUAS, L. Aparição do clown. Manaus: Valer, 1998. p.37
RUAS, L. Aparição do clown. Manaus: Valer, 1998. p.37
APARIÇÃO DO CLOWN (Manaus, Valer, 1998), de
Luiz Ruas (1931-2000). Um clássico da poesia amazonense que apareceu pela
primeira vez em 1958. L. Ruas era padre e integrou o importante movimento
literário Clube da Madrugada, em Manaus.
Foto de L. Ruas: Blog do Coronel Roberto
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