sábado, 5 de março de 2016

“ALÉTHEIA” E LULA

Inês Lacerda Araújo
Filosofia de todo dia


Muito feliz, muito apropriada a designação da 24.ª fase da operação Lava Jato. “... traduzirmos a palavra alétheia por 'desvelamento' no lugar de 'verdade’”, é segundo Heidegger mais adequado, representa a noção de que o ser desvelado permite que o ente (tudo o que "existe", por assim dizer) se manifeste, se abra e revele nosso comportamento, nossa existência, nossa liberdade. É um deixar que aquilo que é, seja o que é.


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E na manhã do dia 04 de março de 2016, finalmente o cerco chegou ao chefe, um ex-presidente. Tão logo se soube que Lula deveria depor, a militância lulista/petista foi convocada. E se apresentou para defender o indefensável, para encobrir com palavras de ordem e uma indignação que revela o grau de dependência ideológica ao discurso de que o salvador da pátria está acima de julgamento.

Vociferar diante de uma plateia arrebatada por um líder que os enganou, é fácil, e também perigoso. Lula diante do ter que revelar-se, escondeu-se para iludir, enganar, aproveitar-se de grupos e movimentos sectários que apenas esperam palavras de ordem e rejeitam todo e qualquer tipo de julgamento baseado em razões, em evidências, no desvelamento do que ele e as super empresas fizeram, de como uma empresa sólida foi dilapidada em benefício de poder, de barganha, de sujeição das instituições democráticas ao desejo imperioso de Lula de permanência no comando de todo um país, de toda uma nação!

Aos poucos o castelo foi ruindo. Uma pessoa medíocre foi imposta por Lula em uma eleição eivada de mentira e propaganda terrorista, obra do mago João Santana, a presidenta Dilma, que foi leniente com a roubalheira. Deve cair juntamente com seu chefe.


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Assim, verdade, no sentido de alétheia, leva a desvelar, enfrentar, deixar que a liberdade de ser ressurja e tome efeito:

"Porque a verdade é a liberdade em sua essência, o homem historial pode também, deixando que o ente seja, não deixá-lo ser naquilo que ele é, e assim como ele é", diz Hiedegger em Sobre a essência da verdade.

Traduzindo, os homens, ao longo da história, podem tornar o ente, a manifestação do ser de todas as coisas, em algo fútil, meramente utilizável, que se esconde, inautêntico, nivelado, simplista, dissimulado.

Em um país no qual há instituições sólidas, democracia, estado de direito, uma república com cidadãos de bem, que pagam seus impostos, mesmo deles pouco usufruindo -, as mentiras, as barganhas, a propina, a compra de parlamentares, a compra do silêncio, a desqualificação sumária de pessoas que denunciam a corrupção, tudo isso precisa ser evidenciado, trazido à luz, revelado.

Alétheia, gritemos todos nós!

INÊS LACERDA ARAÚJO - Professora de Filosofia durante 40 anos, na UFPR, e nos últimos anos na PUCPR. Autora de livros sobre Epistemologia, História da Filosofia e Teoria do Conhecimento. Atualmente aposentada.

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