Quando o mundo pega
fogo, busco água em qualquer lugar.
Sobre isso que
direi nada tem de poético, talvez.
O português é uma
língua que às vezes confunde.
Não diz nada
denotando.
Ou não diz o que
quer, dizendo outra coisa.
Estou pensando em
duas palavras que no caso são uma, afinal.
Rio branco não é
absolutamente o que significa, de cara.
Não passa de uma
ideia que não incorre no real.
Um substantivo rio
– curso de água - adjetivado pela cor branca.
Aonde se pode
encontrar neste mundo um rio de cor branca?
A ciência já disse:
a água é azul.
E um rio, aos olhos
de todos, pode ser negro, barrento, cinzento...de toda cor...menos branco.
Isso é corrente. E
vai se falando não que o rio é branco.
Tanto que ninguém
repara – nem se importa com isso.
Isso se leva no
automático, o seu uso.
Irrefletidamente
vamos usando sem qualquer senso poético, nem de realidade. Há um senso comum
imposto.
A não ser uma
criança, um estrangeiro, por razões diversas – imaginárias e linguísticas,
e um poeta às
avessas, desses postiços que ama confundir cabeças.
Dessa
impossibilidade de rio branco significar rio branco.
Rio Branco é um
nome dado a cidades. Também a gentes.
Essas coisas do
mundo que costumam também não significar o que são, nem de cara.
Como um tipo de
literatura, a que suspende as zonas de verdades e mentiras, talvez!
01/20
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