segunda-feira, 3 de outubro de 2016

BATE-PAPO DESCONTRAÍDO COM SEBASTIÃO ARAÚJO, EX-PREPARADOR FÍSICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA NA COPA DO MUNDO DE 1978 NA ARGENTINA

Gilberto A. Saavedra – Rio de Janeiro
(Entrevista realizada em 06/09/2015) 
 
Sebastião Araújo
O Professor de Educação Física, Preparador Físico, Técnico de Futebol e Filósofo Sebastião Araújo, teve sua carreira abençoada por Deus. Almejou todos os anseios; com uma carreira brilhante e invejável, como Preparador Físico e Técnico de Futebol no Brasil e em várias seleções espalhadas pelo Oriente Médio, China e Caribe.

Sebastião Araújo quando deixou o Estado Acre na década de 60, com destino ao Rio de Janeiro, teve uma ascensão muito rápida. Já em 76 passa a ser Técnico da Seleção Olímpica e 77 ele é convocado para a seleção principal como Preparador Físico para a Copa da Argentina de 1978.

Depois da Copa da Argentina, Sebastião Araújo retorna ao Fluminense. Já com o currículo internacionalmente conhecido, foi convidado para ser Técnico da Seleção do Qatar onde permaneceu durante cinco anos. Depois desse período, são muitos os países em que ele deixou o modelo (técnica) do futebol brasileiro: Bahrein (9), Arábia Saudita (1), Emirados Árabes (1), Trinidad Tobago (1) e Hong Kong (três anos).

Numa conversa bem relaxada com Sebastião Araújo, na residência dele num confortável apartamento localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Nosso querido e amigo “Tião macaco” como foi e é carinhosamente conhecido nos meios esportivos do Acre, relembrou o seu tempo como Preparador Físico e Técnico de Futebol no Brasil e no exterior, não esquecendo, porém, o início de todo isso, em Rio Branco, capital do Acre.
Gilberto Saavedra e Sebastião Araújo
GILBERTO SAAVEDRA – Em que ano o Professor deixou a nossa cidade de Rio Branco com destino ao Rio de Janeiro?

SEBASTIÃO ARAÚJO – Foi no início da década de 60. Aqui me matriculei na Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Formei-me em 1963. Como Técnico de Futebol em 1964. Depois, iniciei a carreira no Rio (61) como goleiro da Portuguesa e depois Preparador Físico. Participei também como goleiro das seleções carioca e brasileira no Campeonato Universitário.

GILBERTO SAAVEDRA – O Professor teve uma ascensão muito rápida no futebol carioca.

SEBASTIÃO ARAÚJO – Sim, acho que estava no lugar certo e na hora certa, mas também, a sorte estava do meu lado. De 66/79 fui para o Fluminense, primeiro como Preparador Físico e posteriormente como Treinador. Nesse mesmo espaço de tempo, fui convocado como Preparador Físico da Seleção Olímpica.

GILBERTO SAAVEDRA – E a Seleção Brasileira?

SEBASTIÃO ARAÚJO – O convite me foi feito pelo Cláudio Coutinho (falecido-1981) então Técnico da Seleção Brasileira, onde permaneci de 77 até 79.

GILBERTO SAAVEDRA – Na Copa do Mundo de 78 na Argentina, o Brasil ficou com o terceiro lugar vencendo à Itália por 2x1 e também com o título de “Campeão Moral”. Qual o motivo?

SEBASTIÃO ARAÚJO – Esse título, é que saímos invicto da Copa de 78 na Argentina. Não sofremos nenhuma derrota. Na primeira fase fomos muito bem. Na segunda, também, ganhamos do Peru 3x0; na partida seguinte empatamos com os donos da casa em 0x0, e esse empate foi fatal. Apesar de o Brasil vencer o próximo jogo contra a Polônia por 3x1, mas os argentinos no jogo seguinte meteram uma goleada de 6x0 nos peruanos, conseguindo a primeira colocação no grupo no saldo de gols.

Nessa última rodada os donos da casa (argentinos) foram favorecidos. Fizeram o jogo depois da gente, já sabendo do nosso resultado, e quantos gols (4) teriam que fazer de diferença no Peru para obter a classificação no grupo.
Copa do Mundo de 1978 - Seleção Brasileira
GILBERTO SAAVEDRA – Professor o senhor tem alguma coisa a dizer com referência a esse elástico placar de 6x0 dos argentinos frente aos peruanos? Principalmente ao goleiro (de nacionalidade argentina) da seleção do Peru, área que o Professor conhece muito bem?

SEBASTIÃO ARAÚJO – Olha Saavedra, a nação argentina vivia um regime militar e, usou o futebol como “Instrumento político” até parecia que eles queriam essa Copa de qualquer jeito, para acalmar os ânimos internos do país. Primeiro já colocaram o jogo da Argentina um pouquinho atrasado ao nosso, para controlar o resultado entre o Brasil e Polônia, e como você bem citou?  O goleiro da seleção peruana era de nacionalidade argentina e deu no que deu? 6x0.

GILBERTO SAAVEDRA – Depois da Copa o Professor voltou para o Fluminense, e logo depois, foi para o exterior onde permaneceu uma longa temporada, retornando ao Brasil quase já no encerramento de sua carreira.

SEBASTIÃO ARAÚJO – Realmente foi um longo tempo, 21 anos fora do Brasil, de 1979/2000. Trabalhei no exterior como técnico das seleções da Arábia Saudita, Emirados árabes, Trinidad Tobago (no Caribe) e Hong Kong (China).

GILBERTO SAAVEDRA – O Professor é paraense de nascimento e acreano de coração. SEBASTIÃO ARAÚJO – Devido a minha convivência no Acre, consegui criar um vasto círculo de amizade, nascendo em meu coração um grande amor pela terra que me acolheu muito bem.

GILBERTO SAAVEDRA – O Professor ficou conhecido nos meios futebolístico da cidade de Rio Branco no Acre, carinhosamente chamado pelo nome de “Tião macaco”. Algo a dizer sobre o motivo da alcunha? Aborrecia-te?

SEBASTIÃO ARAÚJO – De maneira nenhuma Saavedra. Sinto-me até lisonjeado com o apelido. O motivo dele talvez tenha surgido pelas minhas façanhas em agarrar a bola no gol.

GILBERTO SAAVEDRA – Quer acrescentar mais alguma coisa do tempo em que viveu no Acre?

SEBASTIÃO ARAÚJO – Somente para recordar com muito carinho as boas lembranças vividas em nossa querida Rio Branco, nesse maravilhoso tempo de minha vida.

GILBERTO SAAVEDRA – Quais são elas?

SEBASTIÃO ARAÚJO – São muitas, Saavedra. O carinho dos amigos que ainda estão conosco e dos que já se foram: Touca, Boá, Tinoco, Té, Mozarino, Pedro da Burra, Campos Pereira, João Carneiro, Escurinho, Cláudio e muitos mais... Além do carinho dos torcedores.
Campos Pereira, Sebastião Araújo e João Carneiro
GILBERTO SAAVEDRA – E este álbum?

Sebastião Araújo
SEBASTIÃO ARAUJO – É uma relíquia. Foi feito por mim como aprendiz, ainda, na Imprensa Oficial do Acre, no setor de encadernação comandado pelo funcionário Alan Kardec Guedes de Sousa (falecido), no qual guardo todas as minhas memórias de vida em Rio Branco. São fotografias minhas e de meus amigos desse período da minha juventude.

Sebastião Araújo tem 78 anos de idade (2016), é casado com a Senhora Socorro e da união nasceram três filhos. Faz fisioterapia nos membros inferiores para melhorar os movimentos das pernas. Também é formado em pedagogia pela Faculdade Nacional de Filosofia.

Em 1976 escreveu o livro “O FUTEBOL E SEUS FUNDAMENTOS” lançado por IMAGO EDITORA LTDA. Em Rio Branco, capital do Acre, jogou no Atlético F. C. – Independência F. C. e no time do Rio Branco Football Club (RBFC) no qual disputou o Campeonato Brasileiro. No referido clube desempenhou funções de técnico e goleiro.
Obrigado Professor “Tião” pela boa prosa e saúde para o distinto amigo. 

Fonte: Gilberto A. Saavedra. 
Fotos: Álbum antigo: Sebastião Araújo.

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