(Locutor do período de 1966/73)
Wanderley Dantas,
novo Governador do Acre, escolhe para o comando da emissora
oficial do Estado,
o Jornalista Gerardo Madeira, que desativa o auditório da ZYD-9 “A Voz das
Selvas”.
Decorridos 46 anos
(1972/2018) do fato malévolo à radiofonia acreana, um depoimento de uma
testemunha ocular da história, que conviveu (in loco) com toda essa ocorrência traiçoeira.
Por se tratar de um
relato transcorrido em um período histórico da mais antiga emissora do Acre, é
bom elucidar, que esse fato interno que adveio, não teria mérito se não fosse
de um anexo do Patrimônio Histórico e Cultural da Rádio Difusora Acreana, emissora
pertencente ao Governo do Estado do Acre.
Para que o público
em geral possa entender toda essa ocorrência, é preciso conhecer um pouco da
história do rádio acreano daquela então época, narrada nesta escrita.
Saliento que, o
Jornalista Gerardo Madeira me dissera várias vezes, ser contra o fim do
auditório, e que o mando da desativação só lhe fora comunicado quase ao final
da reforma do prédio.
Afirmo (os fatos),
que o Jornalista Gerardo Madeira não tem culpa de nada; foi pego de surpresa,
assim como todos da ZYD-9.
Sou testemunha
ocular desse acontecimento.
Acompanhei o fato
de perto, ao lado dele durante toda obra de reforma do prédio da Difusora e
encerramento do auditório.
Documentos que comprovem
o ato em si, não consegui obter, sou apenas uma testemunha que conviveu in loco com essa ordem oficial.
No governo de Nabor
Júnior foi queimado (propositalmente) muitos registros, livros de pontos,
papelada em geral da Rádio Difusora Acreana, antes do encaminhamento para o
Arquivo Geral.
Por causa desse
despautério, documentos importantes foram incendiados, prejudicando o tempo de
serviço para contagem de aposentadoria de muitos funcionários da emissora,
inclusive uma parte do meu período de trabalho na emissora estatal.
Para conseguir
comprovar esse tempo de serviço de período trabalhado, tive que constituir
advogado e processar o Estado na Justiça Federal.
O auditório da
Rádio Difusora Acreana era um dos seus principais cartões de visitações por
parte do público; principalmente o do interior do Estado do Acre e da Amazônia.
Uma visita ao
prédio da Difusora era obrigação espontânea conhecê-lo.
Nesse famoso
auditório brilharam os seus grandes Comunicadores, juntamente com os maiores
valores musicais da terra.
Os apresentadores,
Índio do Brasil, Natal de Brito e José Lopes foram os mais consagrados.
Todas as semanas
eles tinham um encontro marcado com o público da plateia do auditório, onde
desfilavam os cantores, calouros e várias outras atrações que faziam parte do
show.
O apresentador
Índio do Brasil (Jornalista e radialista), tinha um estilo clássico; impecável
no comando do espetáculo e na hora de escolher um intérprete vencedor.
Já o Radialista
Natal de Brito era mais flexível; acredito até por apresentar durante um bom
tempo programas infantis de auditório.
Natal de Brito |
Naquele então
espaço reservado ao espetáculo, em épocas ainda mais remotas, já classificara o
rádio acreano como um dos mais brilhantes em shows de auditórios da Amazônia.
Mas para que você
possa compreender o propósito da desativação do auditório, é preciso retornar
ainda mais no tempo, num pouco mais da história, até 1966, ano da criação da
rádio Novo Andirá de propriedade dos Dantas, ou seja, da família do novo mandatário
acreano, Wanderley Dantas.
A Rádio Difusora
Acreana sempre teve uma grande audiência em todo o Estado Acre e em muitos
rincões da imensa Hileia Equatorial.
RÁDIO NOVO ANDIRÁ
Com o surgimento da
rádio Novo Andirá em Rio Branco em 1966, a Difusora Acreana perde a hegemonia
na capital.
A mais antiga
emissora do Acre (fundada em 1944), possuía uma equipe com bons profissionais.
Entretanto, não
fora o suficiente para reverter o quadro que agora tinha uma nova liderança na
cidade.
A nova emissora já
iniciava os seus trabalhos radiofônicos com uma boa vantagem de audiência.
Veja: usufruía dos
seguintes privilégios: emissora nova, programação voltada para os jovens com
muita música, época da jovem guarda.
Captada na faixa de
Onda Média (que produz um som local melhor), sem sinal de interferência em sua
sintonia.
Além de só ela, ser
sintonizada em Rio Branco em um novo tipo de receptor, o pequeno rádio
“portátil” de pilhas, que era a coqueluche do momento.
Na época, os rádios
dos veículos da capital (automóvel e táxis) só dispunham no receptor da faixa
de Ondas Médias nas quais a Novo Andirá era sintonizada.
Por ser captada só
em onda tropical (Curta), a Rádio Difusora Acreana não podia ser ouvida no rádio
portátil de pilhas (que só possuía onda média).
Por esse motivo,
ficou de fora dessa faixa preferencial por um período longo.
A queda vertiginosa
na audiência deixou toda equipe da ZYD-9, perturbada.
Com essa alteração
rápida no índice de audiência; chegando de 70 a 80%, um “Fenômeno” em Rio
Branco, a coisa ficou adversa para o pessoal da “Voz das Selvas”.
Nesse período, quem
trabalhou na Difusora no ramo da publicidade, sabe que ficou um pouco mais
difícil, angariar uma nova propaganda local.
Quando eu entrei no
rádio em 1966 oficialmente (tinha trabalhado no final de 64 logo que cheguei a
Rio Branco procedente do Rio de janeiro) estava essa então briga ferrenha pela
audiência entre Difusora versus Novo Andirá.
O diretor era o
Natal de Brito. Ele autorizou que qualquer funcionário da emissora que
conseguisse um patrocínio, receberia uma comissão de 20% da propaganda
angariada.
O bônus era ótimo,
difícil era convencer os comerciantes.
E assim, comandando
a preferência do ouvinte e sem ameaças da Difusora, a rádio Novo Andirá trilhou
como líder absoluta de audiência na capital acreana ainda por um bom período de
1966/69.
Só anos depois,
(Eurico Filho e José Lopes) foram às desforras, instalando na Difusora a tão
sonhada Onda média.
– Agora sim, a
disputa entre Difusora versus Novo Andirá ficou legítima acrescentou, José
Lopes.
Os radialistas da
emissora dos Dantas nesse período foram: João Lopes (Diretor), José Simplício,
J. Almeida, Elizeu Andrade, Ulisses Modesto, J. Conde, Juvenal, Nilda Dantas,
Elísio R. Noronha, J. Xavantes, Campos Pereira e equipe de esportes.
Natal de Brito,
Altemir Passos, Mota de Oliveira, Vilma Nolasco e outros locutores da Difusora,
que também deram suas contribuições.
JOSÉ LOPES
(Gestão = 1968/71)
BRIGA: DIFUSORA X
NOVO ANDIRÁ
(A grande reação da
ZYD-9)
Em meado de 1968, o
Advogado e Radialista José Lopes é nomeado Diretor Geral da Rádio Difusora
Acreana, pelo Governador Jorge Kalume.
Disputar e
ultrapassar a Novo Andirá em audiências na capital era mais do que um
propósito; uma obsessão do novo Diretor da “Voz das Selvas”, José Lopes.
A nova gestão
aspirava (desejava) uma rádio mais eclética.
Mais música;
Jornalismo; Esportes; programa Sertanejo; mais participação do ouvinte e Shows
(espetáculos de auditório).
Notícias oficiais
do governo, só dentro do programa do Noticiário Oficial do Estado.
O novo diretor da
ZYD-9 resolve baixar algumas portarias internas.
Saí de Contrarregra
(ainda das gestões anteriores de Natal de Brito e Eurico Filho), e passo a
acumular duas funções de confiança: assumo os setores de Programação e Artístico
da Rádio Difusora Acreana.
A ideia fixa de
José Lopes era brigar e vencer em audiências a emissora dos Dantas em Rio
Branco.
Ele
inteligentemente sabia que a aparelhagem em Onda Tropical da Difusora voltada
principalmente para o interior, jamais conseguiria ganhar na capital da
emissora líder.
Mas poderia
competir de “igual para igual” com novas atrações de impacto em determinados
horários, já com a implantação de Onda Média.
Inicialmente,
Eurico Filho e José Lopes instalam a tão desejada Onda média.
A partir desse
período, a Difusora Acreana passa a transmitir em determinados horários de sua
programação, atrações diversificadas (separadas).
Enquanto transmitia
para o interior um determinado programa, na capital o púbico ouvinte ouvia
outra atração.
A partir daí a
equipe começou a pesquisar e analisar os programas de grandes audiências da
programação da nossa coirmã Novo Andirá.
Depois de um
minucioso e exaustivo trabalho de análises, o novo plano foi colocado em ação.
Tudo com lucidez;
com saída de alguns programas e entradas de novas atrações, umas de impactos.
Primeiramente, a
equipe procurou trabalhar a parte de propagandas da emissora; fortalecendo o
departamento de Publicidade, apresentando à classe empresarial o novo plano da
rádio.
E com mais dinheiro
em caixa e muita força de vontade, a equipe lança nova programação.
NOVAS ATRAÇÕES:
A GRANDE VIRADA DA
DIFUSORA
Seis (6) programas
foram os responsáveis pela boa classificação da Difusora perante o ouvinte, que
geraram avidez na direção da emissora Novo Andirá.
1 – Compadre
(Cumpadre Lico);
2 – Novelas
“Egípcio” e a “Última Testemunha”;
3 – Programa “Não
Diga Não Nem, Né?;
4 – De Hora em Hora
com a Notícia;
5 – “O Grande
Jornal Falado da Noite” e
6 – Programa de
Palco e Auditório com o Radialista José Lopes. (Foi o sucesso desse programa de
auditório (o último) que causou sua desativação).
Na abertura dos
trabalhos da emissora:
Às cinco da manhã =
“Compadre Lico” programa (sertanejo com muito forró e que marcou uma época).
Lico solicitou que
o nome passasse a se chamar “Cumpadre Lico” conforme era pronunciado pelos
sertanejos.
“Cinco minutos com
a notícia” = José Valentim Santos.
(Informativo de
hora em hora – jornalismo)
Horário nobre
(manhã) Radionovela “O Egípcio” (Apresentação – Gilberto A. Saavedra).
(Pedido do público
ouvinte “O Egípcio” também era reprisado noutro horário). Ninguém queria ficar
sem ouvi-la.
Horário nobre
(manhã) “A última testemunha”. Radionovela que estreou depois do encerramento
de “O Egípcio”.
Manhã: programa =
“Não Diga Não Nem, né”
(Apresentação
Gilberto A. Saavedra)
Às nove horas da
noite = Grande jornal da noite
(Apresentação =
Jornalista Elzo Rodrigues e Saavedra)
Depois entrava no
ar – Recordar é viver – Nivaldo Paiva
(Retorno desse
programa de saudade, que antes era apresentado por Mota de Oliveira).
Domingo à noite no
auditório da Difusora:
Programa de palco
no auditório = Com José Lopes
(Por falta de
espaço com o auditório lotado o programa foi transferido para o cine Acre).
Obs. Foram citadas
nessa programação só as novas atrações, com exceção para o “Recordar é Viver”.
O Boletim de hora
em hora “Cinco minutos com a notícia” com José Valentim Santos, teve uma boa
aceitação por parte do ouvinte.
RADIOJORNALISMO
A equipe coloca no
ar o “Grande Jornal Falado da Noite”.
Teve que trabalhar
muito para poder transmitir esse noticioso na Difusora.
A equipe era
pequena, mas com determinação e força de vontade conseguiu chegar a um
denominador comum.
No comando do
jornalismo da Difusora o Jornalista Francisco Cunha, que reside atualmente em
Brasília.
No Telégrafo a
figura de Francisco Pinto, que captava as informações através das agências de
notícias nacionais e internacionais.
O Jornalista Elzo
Rodrigues como chefe da Assessoria de Imprensa do Gabinete Civil do Governador
Jorge Kalume, se encarregava das informações locais e estaduais confeccionadas
na Assessoria por Mauro D’Avila Modesto e equipe.
Gilberto A.
Saavedra complementava o trabalho da equipe de jornalismo. Tinha a incumbência
de com um gravador, reproduzir os noticiários das emissoras Globo, Voz da
América e BBC de Londres.
Tudo feito de madrugada
(quatro da manhã) em casa.
O jornal era
apresentado à noite por Elzo Rodrigues e Gilberto Saavedra.
Faço questão de
enfatizar, que o nome do noticioso o “Grande Jornal Falado da Noite”, foi uma
justa homenagem ao excelente profissional o Radialista Natal de Brito.
Foi ele o
idealizador do Jornal em épocas passadas na Rádio Difusora Acreana.
O referido jornal
era apresentado também pela manhã (bem cedinho) somente por Gilberto Saavedra.
Ainda estava
faltando três atrações que iriam completar essa nova programação da Difusora,
na época do Radialista José Lopes.
O próprio colocou
no ar um programa dominical à noite, com os valores artísticos regionais,
diretamente do auditório da emissora, que ficava lotado e por isso, depois
passou a ser apresentado no cine Acre, por ser o espaço maior.
O cine também
ficava lotado para prestigiar os valores da terra.
O programa competia
(em horários diferentes) com o programa de palco do J. Conde (manhã), que era
apresentado aos domingos pela Novo Andirá.
O Programa de
auditório do José Lopes à noite, incomodou muito os índices de audiência dominical
da rádio Novo Andirá.
Ainda sem o sistema
televisivo (Televisão) em Rio Branco, às noites de domingos o comando era todo
da Difusora.
Comparo esse
fenômeno com o da novela “O Egípcio”.
Mas pelas manhãs de
domingos, o trono do palco era do Apresentador José Conde na rádio Novo Andirá.
Foi o campeão de
audiência nesse horário durante muito tempo.
A nossa grande
cartada (o golpe de misericórdia do horário), foi o lançamento na ZYD-9 da
radionovela “O Egípcio” de Ivani Ribeiro.
A novela foi
colocada no ar, no mesmo horário (manhã) que era apresentado na rádio Novo
Andirá, um dos programas campeões de audiência.
Altemir Passos |
Além do galã o
Jornalista e Radialista José Simplício que também tinha um programa muito chato
(difícil) de vencê-lo.
A radionovela
conseguiu fazer concorrência nesse horário pela manhã, e com a proeza de ganhar
o horário nobre, pela primeira vez.
“O Egípcio” foi um
grande sucesso da Difusora.
Quando se passava
pelas calçadas das casas, ouvia-se o possante som em alto volume nos receptores
de rádio da época, os “transglobe” da Philco apresentando “O Egípcio”.
A apresentação
dessa fantástica novela derrubou a audiência da rádio Novo Andirá.
Toda equipe da
Difusora Acreana, logo de início, ficou espantada com a grande repercussão.
O êxito foi pleno
(chorei de alegria); o Egípcio se tornou o maior sucesso de uma radionovela já
mostrada no Acre, só visto somente em “O Direito de Nascer”.
[SAAVEDRA} – Esta é
uma pergunta que posso responder com convicção sobre a vinda dessa novela ao
rádio acreano, mas, que nunca foi divulgada nas mídias do Acre.
Talvez, por ter
sido na época um assunto confidencial (interno da emissora) entre os diretores
e não diretamente ao público.
Tínhamos que manter
segredos profissionais para alcançarmos os nossos objetivos de surpresas.
Estávamos
pesquisando atrações radiofônicas, que pudessem pelo menos chegar perto em
audiência do conceituado programa do amigo Altemir Passos.
O José Lopes e o
Estevão Bimbi já como (chefe do setor Artístico), sempre em sintonias com
outras emissoras do país em busca de algo novo, novas ideias que pudessem
implantar na Difusora.
Até tal momento não
se tinha conseguido nada de novo. Todos os programas eram e são parecidos uns
com os outros. Não passava pelas nossas cabeças nenhuma novela. Aliás, nunca
tínhamos cogitado esse tipo de atração em nossas pesquisas. Mas depois de um
bom tempo, surgiram-me duas ideias mirabolantes. Apresentei aos colegas e eles
aceitaram.
A vinda da
radionovela - O Egípcio, para a Rádio Difusora Acreana e o do programa - Não
Diga Não Nem, Né? – De Miguel Vacaro Neto da rádio Tupi de São Paulo.
Tudo começou por
acaso; de uma experiência minha anteriormente vivida no Rio de Janeiro, e que
no meu retorno ao Acre, repassei-a aos gerentes dos cines Rio Branco e Acre.
Gostava de assistir
filmes e anotar.
Tinha um caderno de
capa dura, tipo (tabelião) onde anotava os nomes das películas e suas
características.
Tratava-se de um
“Diário de filmes” com centenas deles.
Os nomes (títulos),
produtoras, sinopses, elencos, coloridos (tecnicolor) ou em preto e branco,
etc.
Muitas
superproduções do gênero drama épico.
Vou citar apenas as
que eu mais apreciava e muitas dessas fitas foram lançadas nas telas da nossa
cidade:
El-Cid - Ben-Hur -
Os Dez mandamentos - Cleópatra - Guerra de Troia - O Egípcio - Spartacus - Sansão
e Dalila.
Filmes de guerras =
Os Canhões de Navarone - O mais Longo dos Dias, e muito mais...
Naquele tempo,
ainda sem televisão em Rio Branco, ia-se mais ao cinema.
Esse diário foi
repassado (aos cines) em meados de (1965).
Essas fitas citadas
com o decorrer do tempo muitas delas foram lançadas nos circuitos de Rio
Branco.
Um belo dia lá
estava em cartaz o filme “O Egípcio” no cine Acre.
A película foi um
sucesso de bilheteria.
Sessões esgotadas.
Fiquei bastante impressionado com o impacto que o filme causou.
Eu tinha assistido
“O Egípcio” no ano de 1962 no Rio de Janeiro.
Uma produção americana
de 1954, com Vitor Mature.
Um belo filme com
uma das melhores trilhas sonoras já compostas. História no antigo Egito dos
faraós.
Em Rio Branco levei
a minha mulher para ver o filme. Mas só conseguimos assistir na segunda
apresentação.
Ficamos
deslumbrados com o grande sucesso produzido pelo filme em Rio Branco.
Tempo depois fomos
ver o filme Sansão e Dalila, (também já tinha assistido antes).
Por coincidência
com o mesmo astro que interpretou “O Egípcio” com Vitor Mature.
No dia seguinte
voltamos a falar do filme, que também teve uma grande aceitação por parte do
público cinéfilo.
Comentei para a
minha mulher Alany, que o cinema estava parecendo com o da data da estreia do
filme “O Egípcio” com tanta gente na fila.
Falei para ela
(falei por falar), não sei qual a razão, mas que existia uma radionovela
brasileira com esse mesmo nome, “O Egípcio”.
Ela sabia das
nossas dificuldades em poder colocar no ar na Difusora, uma atração diferente e
que pudesse causar um grande impacto.
Porém, sem
pestanejar, inteligentemente minha esposa bradou!
[ALANY - minha
mulher] – Manda o Zé Lopes trazer essa novela - O Egípcio!
[SAAVEDRA] – Novela
- O Egípcio?
[ALANY] – Sim!
Aproveita o grande efeito que o filme produziu e traz - O Egípcio?
[SAAVEDRA] – Se eu
não estiver enganado a única novela apresentada pela Difusora foi o “Direito de
nascer” e já faz muito tempo.
Mas o povo gostou e
foi um sucesso!
[Alany] – Então!
Está na hora de vir outra.
Fala para ele?
Por alguns
instantes fiquei mudo, mas logo em seguida comecei a sorrir.
[ALANY] – Qual o
motivo do riso?
[SAAVEDRA] – É que
você acaba de dar uma ideia mirabolante. Vou agora mesmo falar com o Zé Lopes e
o Estevão Bimbi.
Como existia a
radionovela brasileira com o mesmo nome do filme, mas com (histórias
diferentes), aproveitamos o êxito da tela em Rio Branco (pegamos carona), e o
José Lopes fechou contrato e mandou trazer - O Egípcio.
Chegou pelas mãos
de Evair esqueci o (sobrenome) dele. Que veio pessoalmente de Mato Grosso, com
a gravação (carretel) da novela.
Ainda me emociono
com tudo isso, pois não poderia adivinhar que essa minha pequena parcela (ideia
da minha mulher), fosse produzir essa consequência.
Benditas palavras
quando mencionei à Alany o nome da radionovela “O Egípcio”, o maior sucesso de
uma novela transmitida pelo rádio acreano.
Foi um dos
primeiros resultados para comandar o índice de audiência em Rio Branco,
juntamente com o programa de Palco - Auditório com José Lopes; Compadre Lico;
Jornalismo dia e noite e Não Diga Não Nem, Ne?
PROGRAMA NÃO DIGA
NÃO, NEM NÉ?
A minha segunda
sugestão foi trazer para a Difusora o programa - Não Diga Não Nem, Né?
O apresentador
escolhia um tema e o ouvinte tinha que conseguir falar com ele durante 30
segundos sem dizer “não e nem né” para ganhar um prêmio.
Esse programa tinha
a criação do Radialista Miguel Vacaro Neto, e era apresentado por ele na rádio
Tupi de São Paulo.
A emissora
interessada solicitava autorização para transmitir o programa.
Foi o que fizemos,
enviando uma carta aos cuidados da jovem e bonita bancária, Miriam Fontenelle,
que estava se transferindo para o BASA no Rio de Janeiro; antes, ela passou em
São Paulo e entregou a missiva pessoalmente ao radialista da Tupi.
Ele leu a carta e,
logo em seguida dentro do seu programa autorizou a transmissão para a Difusora
do Não Diga Não Nem, Né?
COMENTÁRIO DE JOSÉ
LOPES
– “O Miguel não
seria bobo em dizer não à bela acreana Miriam Fontenelle ressaltou, José Lopes.
Esse programa foi colocado no ar pela primeira vez na Difusora logo após o
encerramento da radionovela - O Egípcio. Com o programa no ar, iniciou-se uma
grande disputa pela audiência entre as duas emissoras no horário nobre (manhã)
e uma rivalidade profissional entre os dois apresentadores (Altemir Passos
contra Gilberto Saavedra)”, finaliza José Lopes.
GILBERTO A.
SAAVEDRA
Ainda me recordo
que estreei o programa sem o cronômetro, (não possuía). O relógio cronometraria
o tempo do diálogo com o participante.
Uma senhora
(ouvinte) foi aos estúdios da Difusora e nos presenteou com um lindo cronômetro
de bolso. (Essa senhora era esposa do Thomaz, filho do Capitão Beco, família
tradicional conhecidíssima na cidade).
Quando saí da
Difusora (1973), entreguei pessoalmente o cronômetro, ao novo Diretor Geral do
SERDA (Serviço de Divulgação do Acre), Mário Lima.
Adalberto Dourado
foi o escolhido para ser o novo apresentador, depois Zezinho Melo.
Sentia-me feliz com
o sucesso e toda equipe, quando ouvintes da Novo Andirá, ligavam para a
Difusora dizendo que iam denunciar o programa por não ter autorização. A
Difusora tinha permissão.
Quando José Lopes
deixou o cargo de diretor da Difusora, em março de 1971, assumiu interinamente,
Francisco Pinto (Madureira) e logo em seguida, Dr. Anselmo Sobrinho Silva,
Jornalista e Radialista.
Nas duas novas
gestões passo a exercer também a função de Chefe do Escritório da Rádio
Difusora Acreana.
Nada mais gratificante
do que ter o seu trabalho reconhecido.
Tudo que ascendi no
rádio do Acre, foi fruto do meu modesto trabalho e determinação; com muita
força de vontade em aprender, sem apadrinhamento de ninguém.
Não gostava de
aparecer: gostava mais de ficar na retaguarda. Natal o foi o primeiro a me dar
apoio, dando-me um cargo de chefia. Fez de tudo para me transformar em um
locutor de transmissão oficial do governo, mas não conseguiu me dobrar.
O jornalista Édison
Rodrigues Martins, então diretor geral do Serviço de Divulgação do Acre
(SERDA), inseriu o meu nome (desconhecido do governador) numa lista triunvirato
ao lado dos já consagrados jornalistas Gerardo Madeira e Anselmo Sobrinho ao
cargo de Diretor Geral da Rádio Difusora Acreana, vaga deixada por José Lopes.
Gerardo Madeira foi
o escolhido pelo novo governador Wanderley Dantas. Não importa o resultado da
preferência. O importante é o reconhecimento do efeito produzido pelo trabalho.
Além do mais, era muito jovem (24 anos) e toda uma vida profissional pela
frente.
Gerardo Madeira era
um cidadão bem-educado, simples e que sempre tratou seus subalternos com respeito
e consideração. Antes de conhecê-lo pessoalmente, já o destacava, mas, só de
vista. Sempre notava a presença do jornalista nas transmissões oficiais da
Difusora. Nunca devemos julgar alguém apenas pela aparência. Nós sabemos disso,
porquanto, pouca gente faz o procedimento correto.
Há uma locução
proverbial que diz “O hábito não faz o monge”. É verdade! Nessa eu me ferrei. O
jornalista Gerardo Madeira era uma pessoa provida de (bom coração), de
humildade.
Logo após a posse
dele como diretor da Difusora, em uma de suas primeiras audiências com o
Diretor Geral do SERDA Jornalista Édison Martins, teve a simplicidade de
informar-lhe, que embora como Jornalista graduado em faculdade com anos de
experiência na profissão, nunca tinha trabalhado em mídia radiofônica, e que
naquele momento estava precisando do apoio de todos.
Só tempo depois (já
no Rio de Janeiro), e que fiquei sabendo por intermédio do Jornalista Anselmo
Sobrinho, que naquela então época, o preferido do Édison Martins para diretor
da Difusora seria eu.
Um dos primeiros
atos de Gerardo Madeira como diretor foi baixar uma portaria interna me
nomeando Chefe dos Setores Artístico e Programação e que mais tarde passei um
dos cargos (novamente) ao jornalista Estevão Bimbi (setor Artístico), já com
viagem para o Rio.
Segundo o próprio
Gerardo (que me falara), minha permanência nos cargos, se deu por designação do
Diretor Geral de SERDA, Édison Martins o qual, ele pedira-lhe uma indicação.
Gerardo em sua gestão
não perdeu tempo. Iniciou uma obra de construção civil no prédio da emissora. Reformou
os estúdios e salas com instalação de ar refrigerado em todas as dependências
da rádio.
Estou apenas
relatando esses detalhes para aquele que por ventura se interesse pela história
da RDA.
Embora minha função
nada tivesse a ver com construção civil, o Gerardo me transformou no seu braço
direito para fiscalização da obra em sua ausência, que era constantemente
interrompida, ao chamado do Governador Wanderley Dantas ao palácio do governo.
Quem fora desse tempo
e ainda está neste mundo, poderá comprovar a lisura de minhas palavras sobre
essa ‘Estupenda’ obra interna na emissora.
Com ar refrigerado
nos estúdios e nas dependências administrativas do prédio. Mas no decorrer dos
trabalhos de reforma, uma atitude do diretor geral da Difusora deixou todos da
emissora sem resposta: o fim do famoso auditório.
Quando o Gerardo me
chamou em seu gabinete e disse que iria desativar o auditório da Rádio Difusora
Acreana, eu fui no outro mundo e voltei, pensando até que fosse mais uma de
suas brincadeiras comigo.
Sem entender nada
no momento, o pretexto para tamanha crueldade.
Gerardo apenas,
exclamou!
– EU SINTO MUITO, E
FICOU CALADO.
[Saavedra} – NÃO LHE
PERGUNTEI MAIS NADA.
Na boa gestão de
Gerardo, apenas lamento, o fim do famoso auditório da Rádio Difusora Acreana. Patrimônio
Histórico e Cultural e que faz parte da história da emissora, de todos nós, que
ainda, então crianças e jovens, participamos do apogeu da “Era de Ouro” do
rádio acreano, frequentando os programas de auditório; eles ficaram para trás,
todavia, jamais serão esquecidos de nossas lembranças.
Espero que um dia,
um novo diretor possa ter o apoio necessário para ativar novamente o famoso
auditório, que era o símbolo da alegria da ZYD-9. Caso fosse reativado, poderia
reaproveitá-lo em palestras, seminários, e assembleias públicas.
Gerardo Madeira
naquele seu famoso fusquinha branco, todo o dia me apanhava em casa para o
trabalho e depois dependendo do horário fazia o retorno.
Tornamo-nos amigos.
Não tenho motivo para reclamar desse tempo maravilhoso que passei no rádio do
meu Estado.
Em 1973, licenciado
por motivo de saúde como funcionário contratado na função de Locutor do
Governo, viajei para o Rio de Janeiro para tratamento médico; quando fiquei
apto para o trabalho, por decisão minha e da minha família, não retornei.
NO RIO DE JANEIRO
De 1973
apresentador de elenco de shows em clubes portugueses e locução em off em
publicidades.
Em 1976 trabalhei
aos sábados na rádio Mauá – Rio de Janeiro no programa “Show da tarde”,
apresentando como locutor uma sequência esportiva.
De 1976/1996 como
funcionário público dos Correios no Rio de Janeiro.
De 1995/2004 do Rio
de janeiro fui Correspondente Colaborador para Difusora Acreana no “Gente em
Debate” (diariamente) com Washington Aquino. Foram mais de 1.500 matérias.
De 1995/2004 aos
sábados com transmissão do Rio de Janeiro para rádio Gazeta FM no programa “A
Grande Parada Musical” com Jorge Cardoso.
QUADRO DA EQUIPE ZYD-9
Diretoria:
- José Lopes (D.
Geral);
- Gerardo Madeira
(D. Geral);
- Gilberto A.
Saavedra (Chefe dos setores de Programação e Artístico);
- Estevão Bimbi
(Chefe do setor Artístico);
- Francisco Cunha
(Chefe do departamento de Jornalismo)
- Elzo Rodrigues e
José Valentim (noticiaristas);
- Mauro D. Modesto,
(na produção de matérias no palácio);
- Francisco Pinto,
Madureira (Chefe do Telégrafo);
- William Modesto
(Chefe da Equipe Esportiva);
- João Nascimento
(Chefe do setor técnico).
- Orlando Mota /
Antônio Mota (Chefe de Escritório)
Participaram como
radialistas e jornalistas de 1965/73):
Natal de Brito,
Cícero Moreira, Mota de Oliveira, Altemir Passos, Rivaldo Guimarães, José S.
Lopes, Etevaldo Gouveia, Anselmo Sobrinho, Theodomiro Souto (Teó), Chico Pop,
João Filho, Gilberto A. Saavedra, Zezinho Melo, Jorge Cardoso, José Valentim
Santos, Marinete Távora Wonlind Agnaldo Martins, Agnaldo Guilherme, Adalberto
Dourado, Edson Soares, Raimundo Nonato (Pepino), Nivaldo Paiva, Sérgio
Quintanilha, Hugo Conde, Rita Batista, Estevão Bimbi, Nilda Dantas, William
Modesto, Delmiro Xavier, Mauro D’Avila Modesto, Joaquim Ferreira, Alicio
Santos, Luis Rodomilson, Eduardo Mansour e Gerardo Madeira.
Homenagens aos
pioneiros: Índio do Brasil, Alfredo Mubarac, Garibaldi Brasil, Sérgio Brasil,
Maria Júlia Soares, Diomedes Andrade, Orsetti Gomes do Vale e Vilma Nolasco.
Os sonoplastas:
Cesar Hildo, Adriano Cesar, Luis Miquelino (Jacaré) Paulo Mota, João
Petrolitano, Carlos Alberto, Dolores Silva (primeira sonoplasta do sexo
feminino). Discotecária: Terezinha Batalha.
Funcionários:
Orlando Mota, Antônio Mota, Tereza Oliveira, dona Lila, Ilma e Graça Oliveira.
Não poderia esquecer a figura simpática e querida do nosso pitoresco “Cornélio
de Freitas”.
Sei que alguns
nomes de profissionais que integraram a ZYD-9 nesse tempo, estão ausentes nesta
lista.
Que me perdoem pelo
grave lapso. Não consegui recordá-los.
Se você participou
e não está na relação envie para o e-mail: saavedragilberto@gmail.com o seu
nome e a profissão.
NOTA
A responsabilidade
que o Jornalista Gerardo Madeira teve pela desativação do famoso auditório da
Rádio Difusora Acreana “O símbolo da alegria”, infelizmente foi o de ter sido o
escolhido pelo governo, num momento de grande disputa entre as duas únicas
emissoras da capital, numa briga perene pela audiência. Se ele tem culpa eu
também tenho, pois era o seu braço direito. Esse foi o finalzinho do tempo
áureo do rádio (já no início dos anos de 1970). Já no apagar das luzes da “Era
do apogeu do rádio no Acre”, surge a Novo Andirá, que fechou com chave de ouro
esse ciclo, às vésperas do funcionamento da TV (1974), em Rio Branco.
FRASES
“Às vezes a
execução de um trabalho simples em nossas vidas, pode de repente explodir de
emoções, amor e carinho, tornando-o amado por todos para sempre”. (Gilberto A.
saavedra)
“Enquanto existir
amor na humanidade no mundo, o rádio jamais morrerá”. (Gilberto A. Saavedra –
jornalista, Rio de Janeiro - 2010)
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