João Veras
Anseio todo
silêncio que puder ouvir
enquanto não cala
essa minha
existência
toda muda que fala.
Serei um dia
esse gesto
silencioso
que arremeta,
embace, ultrapasse
e inquiete todo
ruído tosco.
Todo não à mudez da
espera
da dor do medo do
terror
Como que quietude
de isolado
Nirvana de desolado
da guerra
Sono leve de
condenado da terra.
Serei algo que
possa interessar à desordem
esse barulho
inaudível da calma sã
que domina minha
inexistência de hoje amanhã.
02/02/18
ANIMÁLIA DESRAZÃO A
PENA
João Veras
uma formiga animal
minúsculo um ser uma vida
resolveu cruzar meu
caminho
necessidade
sobrevivência nenhum mal
na grandeza da
minha sapiente paciência
sem aviso sem prazo
sem defesa
num segundo o poder
em brasa
julguei condenei
executei
processo sumário de
eliminação de vida
qual argumento
necessidade sobrevivência simples mal
que remorso que
covardia que injustiça que autoritário que implacável que isso que aquilo que
razão
nada cabe tudo
coube
qual sentimento
qual motivo que pena
31/01/2013
COBRA IMAGINAÇÃO
João Veras
Ontem passei a
noite sonhando com cobra
Não eram muitas
Apenas uma
Ela tinha uma
tonalidade branca
E eu medo dela
Embora ela não
fizesse nada comigo
Ela só queria fugir
de mim
De nós
Eu não estava só
Éramos uma boa
turma
Todos com medo
O ambiente era meio
escuro
O que deixava mais
tenso o clima
Ela tentava fugir
Não atacava
Mas sempre
retornava a aparecer na nossa direção
Estou meio tonto
pensando o que isto significa
Dizem que os sonhos
falam tanto
Indago também de
onde vem em mim tanto medo de cobra
Quando criança
ouvia dizer que sonhar com cobra não é coisa boa
e para ficar alerta
Assim genericamente
tudo pode ser
E eu nada sei
e tenho medo de
imaginar
a imaginação é uma
cobra alada de vários tons
que também sempre
teima em minha direção
27/01/18
SEM ÂNIMO DE LUCRO,
POEME
João Veras
Meta fora o seu verso a pena.
Desamasse a toda o
descarte.
Dê uma utilidade
inútil ao sistema
no corpo de todo
poema.
Torne insubmisso o
nu da cena da arte
no menu da vida a
la carte.
Porque existir
insensível ao que resta
não vale a plena.
2017
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