Nada em ti me comove, ó doce natureza,
Nem os campos nem os sons rubros das
pastorais
Sicilianas, nem as pompas aurorais,
Nem os poentes de tão solene tristeza.
Rio do homem, dos cantos, rio da beleza
Dos templos gregos, das torres em espirais
Que estendem para o céu vazio as catedrais,
Para mim são iguais a bondade e a torpeza.
Não acredito em Deus, abjuro a fantasia,
O pensamento, e quanto à antiquada ironia,
O amor que eu nunca mais à sua sombria ligue.
Medrosa de morrer, a minha alma semelha
No jogo das marés o mais perdido brigue:
Para o horror do naufrágio agora se aparelha.
VERLAINE. Poemas. (trad. Jamil Almansur Haddad). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. p.45
VERLAINE. Poemas. (trad. Jamil Almansur Haddad). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. p.45
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