Thiago de Mello
Somente sou quando em verso.
são labirintos antigos
que me confundem e perdem
Meu pensamento perfura
muros de nada, à procura
do que não fui nem serei.
Ante a carne fêmea e branca
meu corpo se recompõe
ofertando o que não sou.
Meu caminhar e meus gestos
mal e apenas anunciam
minha ainda permanência.
Para chegar até onde
não me presumo, mas sou,
sigo em forma de
palavra.
MELLO, Thiago de. Vento geral (1951-1981).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p.51-52
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