Avançam pela floresta adentro
Os homens bronzeados do Meio-Norte!
– Gente do litoral e dos sertões bravios,
Onde o fogo do sol dança o bailado das secas,
Sobre o dorso cinzento das caatingas.
Tombas sumaumeiras. Clareiam estradas.
E lá se vão os nordestinos,
– Loucos pelo ideal de um Brasil bem
brasileiro,
Doidos de amor pela terra morena das
palmeiras!
Lá se vão – penetrando rios,
Abrindo rumos pela selva escura,
Galgando barrancas artilhadas,
Trazendo desfraldado um trapo verde-amarelo,
Onde uma estrela de sangue acena o caminho da
glória!...
São agora os indômitos acreanos!
– Cavando uma trincheira em cada sapopema,
Com saudade, com febre e com esperança,
Enfrentam legiões aguerridas! E vencem!
E vencem cantando – feridos, desnudos,
famintos, alegres,
Conduzindo o Brasil vitorioso à Bolpebra!
Brava gente morena, audaz, de olhar cheio de sol!
– Quem sois vós? Porque andais em guerra,
penetrando
As entranhas da mata, em combate aos
exércitos
Que desceram o altiplano, embriagados no
sonho
De fazer ressurgir o Império de Atahualpa,
Desde os andes nevados
À grandiosidade verde e eterna do Rio-Mar?
– “Nós somos o Brasil dos seringueiros do Aquiri!
Primeiro, afrontamos as iras do sol que nos
matou a felicidade
E pelo sofrimento conquistamos um Paraíso
Verde!
À beira dos rios e paranás derramamos o nosso sangue.
Mas, fomos adiante. Era mister a luta.
Ferir. Matar. Morrer, honrando a nossa raça,
Conquistando, a punhal, trincheiras e
trincheiras,
Na ânsia de ter um luar sob frondes eternas.
Acreanos!... Nós somos o destino
De um povo infante, inquieto, em marcha
ascensional...
Com a nossa valentia e o nosso sangue,
Entre fuzilarias e clamores,
Estamos modelando e repolindo,
Para que brilhe tanto quanto as outras,
Entre fulgurações e glórias, sobre a terra,
A estrela que faltava na bandeira do Brasil!”
SILVA, Pereira da. Poemas amazônicos. Manaus: Valer, 1998. p.233-237
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