sexta-feira, 13 de julho de 2018

CONDIÇÃO

Carlos Nejar 


Que homem sou,
se desde o acordar
uma culpa flamejante
me guarda?

Não resolve indagar
no tribunal da boa hora
ou da aurora.

Que homem sou,
se continua a reclusão
fora da cela,
se apenado permaneço
além da pena
e não sei quando termina
em suas radiações, irradiações, resinas?

Serei então
ficha
de ideias infinitas,
relâmpagos de abraços,
sistemas?

Liberdade,
indiviso pensamento,
regedor de uma pátria
que não vejo,
mas sinto
por instinto
onde ela arde
e é coragem.

Uma culpa flamejante
me separa de mim.
Veleiro dos instantes,
por acaso fugi
do que perdi?

Uma culpa flamejante
e eu infuso
nos pontos cardeais,
consoante ações e usos.

Que homem sou?


NEJAR, Carlos. Poesia reunida I: Amizade do Mundo. Osasco: Novo Século Editora, 2009. p.288-289

Nenhum comentário: