segunda-feira, 23 de julho de 2018

TRÊS POEMAS DE JOÃO VERAS

A LABUTA DE SER

Não sou em si. Nem algo ali, aqui...
Metido na totalidade, um sujeito a-sujeitado.
Quando é possível, quando não é.
Um motor enguiçado na arena da inconstância social.

Cambista solitário de interjeições imaculadas, sou em meio.
Um permeio de sons, imagens, sabores, olfatos e outros fatos.
Encarnado na terra desde o piso.
Eis aqui um quase extintor preciso.
Aquela alma penada de esfinge voadora que,
nos desertos tópicos de acres utópicos, pensa, finge...

Uma luta super a-tômica, a-total e des-naturalizada.
Como sonhos desacordados vendo filmes de heróis cansados.

Quem mesmo eu já fui?

tarde de 22.07.18


CRÔNICA DO DES-ENVOLVIMENTO BARATO

A máquina de fazer espíritos noturnos
- quando não se ver saídas -
é liquida e tem cor de terra depois da chuva.

Ela foi na noite de ontem elevada à contabilidade da aldeia.
Assegurada no plano de manejo, único e eficaz instrumento
de viagem empreendedor.

Caliban a vende a preços módicos, crente da sedução do outro.
Próspero faz de conta que a compra com as suas moedas verdes esterelizantes.
Eles estão certos que os seus controles são remotos,
desde o achado.

Nesta operação simples da economia do mercado espiritual,
os dois permanecem um único, no estado de consumo.
Se consumindo, o mundo segue a sua rota – vela a este bordo - se transformando todo dia no mesmo.

manhã de 07.07.18


POÉTICA LITERAL

Pra onde eu vou
levo as chaves de casa no bolso.
E quando as esqueço em algum lugar
eu sei
não preciso lembrar
elas estarão sempre lá.

manhã de 29.06.18

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