Manoel de Barros
Maria-pelego-preto, moça de 18 anos, era
abundante de pelos no pente.
A gente pagava pra ver o fenômeno.
A moça cobria o rosto com um lençol branco e
deixava pra fora só o pelego preto que se espalhava quase até pra cima do
umbigo.
Era uma romaria chimite!
Na porta o pai entrevado recebendo as
entradas...
Um senhor respeitável disse que aquilo era
uma indignidade e um desrespeito às instituições da família e da Pátria!
Mas parece que era
fome.
BARROS, Manoel de. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2010. p.22
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