Luísa Galvão Lessa Karlberg
coluna A Gazeta do Acre
Falam especialistas que o Brasil avançou nos
últimos 20 anos, mas a educação freou o desenvolvimento desse período, segundo
o IDHM 2013 (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), divulgado na
segunda-feira, 29/07/2014.
No Brasil, entra Governo e sai Governo e a
conversa é sempre a mesma: “vamos investir em educação”. Em ano eleitoral,
dizem os políticos: “o país avançou muito”. Talvez tenha avançado para o
abismo, pois segundo índice divulgado pela Pearson Internacional, que faz parte
do The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês) e mede os resultados de
três testes internacionais aplicados em alunos do 5º e do 9º ano do ensino
fundamental, o Brasil ficou em penúltimo lugar.
Dão lições ao mundo a Finlândia e a Coreia do Sul, os dois primeiros
lugares. O Brasil só ganhou da Indonésia. É um resultado vergonhoso.
Os dados não são invenção e não possuem
coloração partidária. É a constatação de uma educadora que muito trabalha em
prol de mudanças positivas. Uma professora que contribuiu para composição dos
livros didáticos do Estado de São Paulo. O Acre não quer ajuda nessa área, há,
aqui, “medalhões nos salários”, mas que nada escrevem, falam bajulações. Isso
não ajuda, prejudica o Estado, o sistema educacional como um todo. Há valores
desperdiçados, sábios ignorados. Sabedoria é muito diferente de conhecimento,
contudo são a ferramenta necessária para transformar a vida.
Então, votando aos dados, eles saíram do
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês),
do documento Tendências em Estudo Internacional de Matemática e Ciência (TIMSS)
e do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização (PIRLS) que compreendem
o aprendizado de matemática, leitura e ciência dos alunos.
O desempenho de cada país mostra se ele está
acima ou abaixo da média calculada a partir dos dados de todos os
participantes. Segundo esses dados divulgados no último dia 27 de julho de
2014, 27 dos 40 países ficaram acima da média, enquanto 13 estão abaixo do
valor mediano. O Brasil, que teve pontuação de -1.65, foi incluído no grupo 5,
onde estão as sete nações com a maior variação negativa em relação à média
global. É um dado assustador, fruto do descaso e do pouco compromisso com a
educação brasileira.
A ONU, em 14/07/2014, por meio do Pnud
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), diz que o Brasil deve
investir em “políticas educacionais ambiciosas”, para mudar a sua
demografia.Todos os dados apontam que o Brasil vai mal, muito mal nas políticas
educacionais. É um país que não respeita os professores.
E como é um sistema educacional eficaz? É
aquele em que os alunos aprendem, passam de ano e concluem a educação básica.
Esta é uma afirmação de que poucos vão discordar. Entretanto, a maioria dos
sistemas educacionais no Brasil não cumpre essa missão. Há descaso, desvio de
recursos, investimentos pífios, salários aviltantes pagos aos professores,
escolas sem segurança, mal aparelhadas, sem infraestrutura, que pouco ou nada
atraem os jovens, que preferem as ruas, as drogas, a violência, os furtos.
Quando não, ficam em casa e quando saem para a escola procuram ir para lugares
mais agradáveis.
O governo brasileiro, por meio do Inep,
definiu metas para os sistemas educacionais e as escolas aperfeiçoarem a
qualidade da educação oferecida, criando um índice de qualidade, chamado Ideb,
para cada um dos três segmentos da educação básica. Mas de tudo que se diz,
fica a pergunta: essas metas no Inep são suficientes para o país sair do atraso
educacional?
Há medidas urgentes: escolas em tempo
integral; professores motivados; escolas aparelhadas para que as pessoas nelas
desejem permanecer com alegria, satisfação. Então, qualquer política de
melhoria da qualidade dos sistemas escolares devem contemplar os três aspectos
simultaneamente: o professor deve ensinar; o aluno deve aprender e passar de
ano.
Finaliza-se com a frase memorável de Eduardo
Campos: “O Brasil tem jeito”. Devemos exigir prioridade à Educação, sem ela
Nunca avançamos, exceto para cair no abismo onde o país está mergulhado.
Necessitamos de ações, promessas nem os santos aceitam mais.
* Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA – É Pós-Doutora
em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em
Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em
Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da
Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro
perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da
Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.
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