Walt Whitman (1819-1892)
Desdobrado das dobras da mulher o homem se
desdobra,
e sempre está para se desdobrar:
desdobrado da mulher mais soberba da terra
está por chegar o homem mais soberbo da
terra, desdobrado da mais amigável
mulher está para chegar o homem mais
amigável,
só desdobrado do corpo perfeito de uma mulher
pode fazer-se um homem perfeito de corpo, só desdobrado dos inimitáveis poemas
da mulher podem criar-se
os poemas do homem (só daí vêm meus poemas),
desdobrado da arrogante e forte mulher que eu
amo,
só daí pode vir o homem forte e arrogante que
eu amo,
desdobrados pelos abraços vigorosos da mulher
firme que eu amo,
só daí vêm os abraços vigorosos do homem,
desdobradas das dobras do cérebro da mulher
procedem todas
as dobras do cérebro do homem, seguindo
obedientemente,
a desdobrar-se da justiça da mulher toda a
justiça do homem se desdobra,
desdobrada da simpatia da mulher é toda
simpatia;
grande coisa é um homem sobre a terra e pela
eternidade,
mas cada vírgula da grandeza do homem vem das
dobras da mulher;
primeiro o homem toma forma na mulher, depois
então pode
tomar forma em si mesmo.
WHITMAN, Walt. Folhas de Relva. Tradução Geir
Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. p.156
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