José Augusto de Castro e Costa
Rio Acre, interminável e fundo,
Entre barrancas de impotência e dor,
Em que mar remoto, profundo,
Estás tu a lançar tantas lágrimas de horror?
Aqui, ali, além, de dobra em dobra,
De curva em curva invades tua terra,
E tal qual uma imensa e assustadora cobra
Vais tragando a vida que a mata bonita encerra...
Da minha terra, toda a risonha história,
Alagaste-a... engoliste-a... São páginas
lidas!
Mostras-me tu que o amor é crença ilusória,
E as almas são todas elas esquecidas?
Tuas margens, não as vejo mais. A linha
Das tuas barrancas, onde à tardinha
As garças e alguns de nós íamos cismar a esmo
Me desconcentra, e ao ver esta água turva,
Descubro o Rio Acre em cada curva
E o destino colérico a bagunçar comigo mesmo!
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