João de Jesus Paes Loureiro
“ Na jusante
levo-me.
Elevo-me
ao mar
e
no entanto
Mar
sou
Rio.
Assim me sei,
ciente do que sou
no que não-sou
consciente . . .
Certo não sou quem sou,
pois não me penso
e o existir
é minha forma de passar além . . .
Riomar.
Sou rio e mais o Mar
e
além de
Mar e Rio
sou Riomar.
Cavaleiro e campo de batalha.
Arma, defesa e luta.
Sou isto e não aquilo
e sou também aquilo.
O istoaquilo de seres
erros
res
e ser
jusante . . .
E sou aquilo que me deixo
em várzeas verdes.
Conhecimento de que meu caminho
não é o meu caminho
e que correr é como sei de mim.
esta forma de ir, que é meu destino,
conhece-me infeliz,
pois que não sou em mim
e amo as águas destas águas noutras águas . .
.”
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Porantim
(poemas amazônicos). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p.49-50
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