Tonho do Milton
Essa é a história
de um seringueiro por nome Luiz Castelo que morava na comunidade Restauração
com sua esposa e seis filhos. Luiz Castelo não era considerado pelos patrões um
bom seringueiro, mas fazia quinhentos quilos de borracha. Era um bom vizinho.
Sim, esta história foi em 1966 quando eu tinha oito anos, mas ainda lembro
muito bem.
O senhor Luiz
Castelo matou um gato-açu, na época a pele dava muito dinheiro. Aí, o seu Luiz
vendeu a pele para um marreteiro por nome Raimundo. Quando o patrão soube,
expulsou o mesmo da colocação. O seu Luiz não tinha canoa, pediu uma passagem
ao patrão, mas ele não arranjou, pois estava com muita raiva do seringueiro. O
patrão disse que Luiz não tinha transporte em suas embarcações. A coisa ficou
ruim para o Luiz, pois teve que arriscar a vida dele com a mulher e os filhos. Fez
uma balsa de caule de malva, pôs seus cacarecos em cima com a família e desceu no
rio cheio, sob sol e chuva.
Antologia de escritores da Floresta I / Adelmar Rodrigues de Souza [et al.]; organização Augusto de Arruda Postigo... [et al.]. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH/CERES, 2004. p.11
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