Do memorável jornalista José Chalub Leite
(1939-1998), que ainda hoje, por sua inteligência, argúcia e finesse de humor,
faz muito falta ao jornalismo acreano.
O DESCONHECIDO
Secretário da Fazenda, o advogado Carlos
Abrantes ao redigir minuta de relatório para enviar ao governador sentiu-se em
dúvida com a grafia correta e o significado de uma palavra. Aperta o
botão-cigarra e determina à secretária:
- Minha filha, vê se localiza o Aurélio e o
traz imediatamente à minha presença.
Expedita e bem mandada, a prestimosa auxiliar
entrou de sala em sala do imenso prédio da Sefaz em busca do Aurélio, ninguém o
conhecia. Aflita, nervosa, o secretário não gostava de ser contrariado e se
queria o Aurélio é porque o assunto era importante, duas horas depois, a jovem
desanimada e frustrada por não ter dado o recado a Garcia, comunica ao Dr.
Abrantes:
- Excelência, o Aurélio não veio trabalhar
hoje...
- Como? Minha filha, o Aurélio que lhe falei
é o dicionário.
O COLADOR
Estudante de Direito, o hoje advogado Abdalla
Salim Farhat não tinha estudado para uma prova. Fácil imaginar sua aflição,
quase desespero para safar-se da bananosa. Conseguiu atrair a atenção de um
colega e este, jeitosamente, mostrava-lhe as respostas. Umas das questões:
“Como se chamava o irmão do Rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que
usurpou o trono?”
Farhat viu a resposta do colega: João Sem
Terra. Para não ficar idêntica e o professor desconfiar, mete: “João Sem Solo”.
PIOR A EMENDA
No Colégio Acreano trabalhava uma senhora de
prenome Francisca, inspetora de alunos. Dona de físico possante, troncudo,
puseram-lhe o apelido de “Manduquinha”, alusão àqueles carrões de polícia, tipo
kombi. Escusado advertir que a alcunha pegou no momento em que a vítima deu
cavaco. Apoplética, alucinada, desvairada, cuspia fogo e queria sair no braço
quando a molecada colegial invocava, principalmente no pátio, o apelido
desgraçado.
Um dia a inspetora invadiu o gabinete do
diretor, professor Raimundo Gomes de Oliveira, para enrendar que grupelho de
estudantes estavam lhe chamando daquele jeito que odiava. Imediatamente o
professor Raimundo, severo disciplinador, com a inspetora ao lado correu ao
pátio e apostrofou santamente irado a turma apontada pela inspetora Francisca:
- Meninos mal-educadods, quem foi de vocês
que chamou a Dona Manduquinha de Franscisquinha?
LEITE, José Chalub. Tão Acre: o humor acreano
de todos os tempos. Rio Branco: Bobgraf, 2000. p.78 e 139
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