sábado, 20 de julho de 2013

GATANHICES

Luiz Felipe Jardim
Um dia, quando eram ainda bem gatinhas, as duas Ludrugunguinhas, das quais sou guardião, brincavam na sala da nossa casa.

Corre daqui, corre dali; pula de lá, salta d'acolá, atraída pela luz do sol, uma delas resolveu subir na janela. Do chão, ela olhou, olhou, cheirou, ciscou, ciscou e... saltou. Saltou um salto chocho e nem perto da janela chegou. Mas tentou. Tentou, até que cansou. A outra gatinha, só olhou.

No dia seguinte, lá na sala... Salta daqui, salta dali; corre de lá, pula d'acolá, atraída pela chuva que chovia lá fora, aquela gatinha que só olhou, quis subir na janela. Olhou, cheirou, ciscou e saltou. Tentou, tentou. Tentou muito, mas nem perto do alvo chegou. A outra só olhou.

No terceiro dia era de noite. Lá na sala, elas brincaram muito: de morder, de se esconder, de pular, de correr. Mas nada de janela. A temperatura da brincadeira foi crescendo, crescendo; subindo, subindo... Elas já corriam quase que alucinadas na sala quando, juntas, as duas saltaram...   Na janela, pousaram suaves como se grandes gatos fossem, e se admiraram do mundo que viam como os pequenos gatos que eram. O mundo não é um brinquedo, e nem é brincadeira, mas foi brincando no mundo que as gatinhas puderam, mais livres, ver as estrelas.

Olharam o mundo e as estrelas com a pose que os gatos se dão nas vitórias; azunharam a madeira; marcaram território. Para festejar, e sob a luz da lua que na noite brilhava, ali se deitaram e tiraram uma demorada e deliciosa soneca.

Luiz Felipe Jardim


Obs. Todas as fotografias foram tiradas da janela para onde as gatinhas saltaram.

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