Horácio (65-8 a.C.)
Muito melhor, Licínio, viverás,
não buscando o mar alto, sempre afoito,
nem te ficando, cauto, junto à praia,
rábido
o mar.
À áurea mediocridade, se alguém a ama,
da velha casa o desasseio evita;
mas, também, sóbrio, foge aos ricos tectos,
causa
de inveja.
O vento agita sempre altos pinheiros,
fragorosas, desabam altas torres
e o raio fulminante o pico fere
de
altas montanhas.
No dia aziago, espera; no bom, teme,
preparado o teu peito à sorte adversa.
Se Jove hoje nos dá duros invernos,
Leva-os
depois.
Se vais, agora, mal, nem sempre o irás.
Desperta Apolo, em sua lira, às vezes,
a silenciosa musa, pois nem sempre
o
arco distende.
Sê animoso, sê forte, na desgraça:
sábio, saibas, porém, quando te é muito
próspero o vento, contrair a tua
túrgida
vela.
HORÁCIO. Odes e epodos. Tradução de Bento
Prado de Almeida Ferraz. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.105-107
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