Amanheci este
radioso dia lembrando da confreira Marlize Braga e sua secretária Mudinha, hoje
funcionária da Jorgedete Maria Thomaz, minha comadre de fé e irmã camarada.
Marlize adorava
cozinhar. Adorava mais ainda comer, principalmente comida paraense, sem se
importar com as ‘frescuras’ de calorias e outros ‘quetais’. Mas, imperfeita
como todos, odiava trabalhar e, para seu conforto, jogava nas costas da Mudinha
o trabalho pesado.
E quem é Mudinha?
Mudinha é uma
menina que Deus mandou nascer menino, por uma simples birra da natureza. Mas,
teimosa, engoliu cobras e lagartos para se firmar. E firmou-se, sem queixar-se
dos insultos, sem mimimis ou fricotes.
Ela e Marlize
formavam um dueto exemplar. Havia conflitos? Raros, mas havia.
Num domingo,
enquanto esperávamos que uma gororoba chamada maniçoba (desculpe, Camila
Cabeça) desse ponto, Mudinha começou a gritar, apontando para o fundo do
quintal.
– Ô, ô, ô, ô. Ê, ô,
ê, ô.
Gesticulava
levantando e arriando as duas mãos e emitindo um som: che, che, cho, choooooooo.
Para de frescura,
Mudinha! – falou Marlize.
De repente um
estrondo que mais parecia uma batida de carro.
Corremos para ver.
A caixa d’água havia estourado. Explodiu, literalmente. Os cacos voaram na
direção dos quatro ventos.
Mudinha, trêmula,
olhos marejados, parecia pedir perdão pelo ocorrido. Marlize abraçou-a com
afeto e disse-lhe: Calma. Mudinha! A maniçoba tá pronta? Vem cá, deixe eu lhe
dar um beijo.
Detalhe: a gororoba
da maniçoba (perdão, Camila Cabeça) estava uma delícia.
Comemos como anjas.
A caixa d’água ficou pra depois da ressaca.
Desesperar, roer as
unhas, tomar lexotan, jamais!
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