Não é o corpo a
forma.
O corpo não é a
condição que fica
O corpo transita.
Carece do decorrido
como um jardim florido.
É a formula que
informa a deforma que afunda e abunda.
É o que apodrece,
caduca, defunta.
O que infla,
definha, esquece e espinha.
É a carcaça que
engana, que a merece e a difama.
A estatura que
atrai, que dissimula, que clausura, se esvai.
O corpo é sempre um
retrato - o que foi e jamais será.
Cego, surdo,
mudo... ele é assim:
ensina sobre tudo a
todo mundo.
manhã de 08.06.18
Estou no meio do
trilho.
No meio da pista.
No meio da rua.
No meio do rio.
No meio de mim.
No meio de tudo que
tem meio,
como o bom amor mal
e o mal fogo bom,
inclusive.
Atravessado
pelo meio do meio
do meio do meio do meio do meio do meio do meio do meio do meio
do meio do meio
do meio
um tanto em cada
parte
desejada e não
que se desmonta
de mansinho
pedaço por pedaço
do sangue e do
pensamento
até o vazio
indivisível do nada
- agora a minha
sigilosa meta de viver.
04/06/18
SELF-PORTRAIT
Faço poema fazendo
politica.
e tudo o mais um
tanto muito um tanto menos.
- mesmo que não
queira.
- mesmo que não
faça.
noite de 29/05/18
TEORIA DO POEMA
IMPOSSÍVEL
Hoje eu queria
fazer um poema sobre nada.
Não um nada
qualquer!
Mas um nada assim
bem nada!
Potentemente puro!
Um nada
completamente ignorado
por mim, por todos,
por tudo.
Um nada que não
interesse ao nada.
Como só deve ser um
nada sincero.
O que quero dizer:
Esse tipo de coisa
nenhuma
que costuma
incomodar o mundo!
na manhã de
27/05/18
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