Considerado um clássico do
cinema documental, dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando
Senna. Filme importante para se compreender o
que veio sobre o dorso da farsa do progresso da Amazônia com a implantação da
Transamazônica. O filme é de 1976, mas foi proibido pelos militares, sendo
lançado oficialmente apenas em 1981.
Já no final do filme há esse diálogo entre Iracema
e Tião Brasil Grande, os dois protagonistas.
– E pra onde tu tá indo agora?
– Pro Acre.
– Pro Acre? Num vai, não. Fica comigo.
– Lá no Acre agora tem mais futuro do que
aqui.
– Fica comigo.
– Do outro lado do
Brasil tem outro mar, não é o Oceano Atlântico, é o Pacífico. Fica lá no Acre. O
Acre é o caminho para o outro oceano, o Oceano Pacífico. Dizem até que o
Governo vai mandar construir um porto lá. Pra atracar navio e tudo, que nem o
Porto de Santos, no Rio de Janeiro.
“A história narrada em estilo semidocumental
segue a trajetória de um caminhoneiro e uma prostituta, que viajam juntos pela
Rodovia Transamazônica recém-construída. O caminhoneiro, apelidado de Tião
"Brasil Grande", fala sempre da sua confiança no progresso do Brasil
e de quão bem a construção da rodovia em plena floresta ajudará a isso
acontecer. Seu caminhão tem o famoso adesivo "Brasil, ame-o ou deixe-o"
(popularizado pelo regime militar da época) no parabrisa e no parachoque está
escrito "Do destino ninguém foge".
Contrastando com esse otimismo, aparecem as
paisagens do desmatamento, queimadas e devastação da floresta pela janela do
caminhão. As pessoas com quem Tião conversa reclamam dos grileiros que tomam as terras dos pobres. Tião
diz que o povo é ignorante, que compra terras sem pedir a documentação. Para
outros ele diz que a rodovia do governo é boa, mas os caminhoneiros dizem que
muitas vezes eles próprios tem que construirem as estradas para chegarem até
onde a madeira se encontra para as transportarem. Enquanto isso, Iracema segue
o que ela acha ser a sua sina: vagar sem destino, acompanhando os caminhoneiros
em suas viagens. Ao ser levada para uma fazenda no interior da mata, ela
presencia uma negociação de mão-de-obra envolvendo um sitiante e um agenciador.
O sitiante começa dizendo que não quer problemas, que deseja tudo legalizado.
Mas logo mostra a precariedade do emprego ao negociar o preço da comissão
cobrada pelo agente: reclama que está caro, que a maioria dos homens que ele
contrata fugirão logo ou morrerão de malária.
Já o agenciador diz que o trabalhadores que transporta são todos ignorantes,
que nem sabe onde estão. "Pensam que aqui é Mato Grosso", afirma ele.”
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