Rogel Samuel
Conheci Rose através de Nathanael Caixeiro,
tradutor da Vozes, já falecido.
Fomos amigos durante muitos anos, viajamos
juntos, éramos parceiros de eventos e jantares.
Conheci a sua família e ela conheceu a minha.
Minha mãe gostava muito dela. Jogávamos cartas.
Devo a ela a publicação do meu “Manual de
teoria literária” (que teve 17 edições), e de “Literatura básica”.
Graças a ela conheci pessoas: Frei Beto,
Boff, Djanira, Ligia Fagundes, etc. Assim conheci Umberto Eco, com quem
passamos a noite toda na varanda da casa de Mônica Rector discutindo a
construção de romance... Ele se estava preparando para escrever “O nome da
rosa”.
Rose era surpreendente, superdotada,
superinteligente. Mas simples. Escritora extraordinária. Ativista. Humana e
corajosa. Bateu de frente com a ditadura. Teve livros cassados. Eu presenciei
Rose espinafrando de cara um ministro da ditadura, na frente de todo mundo, num
evento dentro da revista Manchete (ele logo se afastou, escondendo-se na
multidão).
Mesmo quase cega, ela viajava constantemente,
proferindo palestras, fazendo conferências doutrinárias.
Podemos dizer que, além de feminista, ela era
uma pensadora original, tinha idéias próprias e praticamente criou o feminismo
no Brasil. Quando diante de algum medalhão internacional famoso, ela o
enfrentava.
Deu aulas em Universidades americanas, onde
era muito respeitada.
Seus artigos demandam publicação.
Mas foi Rose mulher bem humorada e vitoriosa.
Em plena ditadura, eu me formei politicamente
ouvindo Rose Marie Muraro.
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