Inês Lacerda Araújo
A Terra vista das aeronaves leva a pensar na
dimensão infinita, e em um planeta solitário. Nossa perspectiva é terrestre,
mas nossos sonhos são estelares.
As metáforas filosóficas e religiosas
habituais remetem à caverna humana em contraste com os deuses no Olimpo, no
paraíso, no além. Rastejar se opõe a voar, alçar as alturas como bem superior.
O que nos leva a sonhar assim, a sondar o universo e pleitear que não estamos
sozinhos?
Quem assistiu ao filme Gravidade deve ter
sentido que desprender-se da Terra não faz parte de nossa natureza, a volta da
personagem principal destaca o solo, o contato com a areia, nossa marca em
nosso chão.
Solta no espaço |
O retorno feliz |
Entretanto, deuses, anjos, seres
extraterrestres povoam nosso imaginário. Basta entrar em uma igreja, em um
templo, que prêmio eterno ou castigo eterno dão sentido à alma imortal, desde
Platão e antes dele, até o cristianismo e outras fés religiosas.
À parte disso, há a hipótese para alguns,
cientistas inclusive, de que é impossível não haver vida inteligente em outros
planetas e que tais seres possuem artefatos capazes de os trazerem ao nosso
planeta! E vão além, certos relatos de abdução, são levados à sério. Curitiba
sediou há semanas atrás um encontro em que esses relatos servem para confirmar
a existência de ovnis. Um deles é o de uma família abduzida juntamente com o
fusca 72! Outra pessoa afirma que após ser abduzida, voltou com um chip
implantado em seu dedão do pé direito!
***
Evidentemente a imaginação humana vai longe,
fica interessante e inteligente em filmes e na literatura de ficção científica:
Jornada nas Estrelas, Júlio Verne, Isaac Asimov, H. G. Wells, Ray Bradbury,
entre outros.
Mas nenhum deles ultrapassa o que a condição
humana enseja, permite, cria: linguagem, sensações de ver, ouvir, criar
veículos, tecnologias, mover-se, transportar-se, guerrear, etc, etc.
É possível que em outra ou outras galáxias
planetas semelhantes à Terra tenham evoluído em condições semelhantes às
nossas, a ponto de construir naves espaciais, comunicar-se, sequestrar pessoas
com suas naves? E o que estariam esperando que ainda não invadiram a Terra?
Apenas espreitam para dominar o planeta? Por que isso já não ocorreu?
Quando perguntamos o que querem conosco, essa
dúvida por ventura não seria uma questão que só nós levantamos?
Por mais estranho que seja o ET, ele terá
corpo, ou será uma espécie de ser gelatinoso, uma bolha, de todo modo
representa uma ameaça aos seres humanos.
Ora, essas características são simplesmente
nossas, elas não passam de projeções da condição humana. Não podemos sair de
nosso corpo, de nossa linguagem, de nossos símbolos, de nossa cultura, enfim,
de nosso modo de ser.
Buscar provas e evidências, é também uma
necessidade humana. Além disso, que podemos saber?
Nada sem os nossos meios.
* INÊS LACERDA ARAÚJO - filósofa, escritora e professora aposentada da UFPR e PUCPR.
* INÊS LACERDA ARAÚJO - filósofa, escritora e professora aposentada da UFPR e PUCPR.
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