Prêmio é uma
homenagem às pessoas que contribuíram nessa trajetória de 80 anos do órgão
federal
O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) irá conceder a Medalha Mário
de Andrade a três acreanos que contribuíram para a preservação e valorização da
história e da cultura do estado do Acre: os indígenas Benki Piãnko e Joaquim de
Lima Kaxinawá - que receberão as medalhas em uma data e local a serem marcados
de acordo com as suas preferências e disponibilidades - e o filósofo Isaac
Melo, que foi premiado nesta semana após cerimônia ocorrida na sede do
instituto em Rio Branco-AC. A medalha Mário de Andrade homenageia a
determinação e a dedicação de muitas pessoas, técnicos e servidores, sociedade
civil e instituições públicas que estiveram junto ao Iphan nessa trajetória de
80 anos do órgão federal.
Jorge Mardini e Isaac Melo |
CONHEÇA OS
PREMIADOS
BENKI PIÃNKO nasceu
em 24 de fevereiro de 1974 na Terra Indígena Apiwtxa, na cidade de Cruzeiro do
Sul, no estado do Acre. Representante político dos povos Ashaninka (Xamã) e
agente agroflorestal, ele luta contra a exploração predatória nas terras
indígenas. A sua liderança junto às comunidades o transformou em uma referência
de luta pela preservação das aldeias e do meio ambiente, buscando resolver a
situação sempre de forma pacífica, o que lhe garantiu dois prêmios relacionados
aos Direitos Humanos: um internacional na cidade de Weimar (Alemanha) e o outro
nacional.
Primeiro índio a
receber o título de doutorado em linguística pela Universidade Nacional de
Brasília (UNB), o professor doutor JOAQUIM PAULO DE LIMA KAXINAWÁ, nasceu na
Aldeia Indígena Praia do Carapanã, em Tarauacá, no Acre, no dia 11 de janeiro
de 1963. Com o título “Para uma gramática da Língua Hãtxa Kuin”, a tese de
doutorado do acreano defende a importância de criar um programa que ensine,
mantenha e valorize a língua nativa dos povos indígenas. Joaquim Kaxinawá luta
pela preservação da origem linguística dos índios para que país não se limite
apenas ao português perdendo, desta forma, uma grande riqueza cultural
pertencente a dezenas de povos.
Jovem filósofo de formação, o taraucaense ISAAC MELO, de 32 anos, é dono de um blog que recorda, a partir de imagens e textos históricos, o cotidiano dos habitantes do Acre nas primeiras décadas do território que posteriormente se tornaria um estado do Brasil. O Blog Alma Acreana - acessível à população desde 2008 - apresenta também crônicas, versos de músicas e poemas de diversos artistas acreanos devidamente publicadas e creditadas pelo filósofo. O blog é uma ferramenta para ajudar pesquisadores, professores e outras pessoas que tenham interesse pela cultura, história e Patrimônio da amazônica, e se tornou uma referência a estudantes, sendo citado em vários trabalhos acadêmicos.
Jovem filósofo de formação, o taraucaense ISAAC MELO, de 32 anos, é dono de um blog que recorda, a partir de imagens e textos históricos, o cotidiano dos habitantes do Acre nas primeiras décadas do território que posteriormente se tornaria um estado do Brasil. O Blog Alma Acreana - acessível à população desde 2008 - apresenta também crônicas, versos de músicas e poemas de diversos artistas acreanos devidamente publicadas e creditadas pelo filósofo. O blog é uma ferramenta para ajudar pesquisadores, professores e outras pessoas que tenham interesse pela cultura, história e Patrimônio da amazônica, e se tornou uma referência a estudantes, sendo citado em vários trabalhos acadêmicos.
“Acredito que cada
um de nós deveria se preocupar com a nossa cultura e com a nossa história, da
cidade, do estado, do país e da humanidade, no qual somos partes integrantes.
Foi uma surpresa receber essa honraria do Iphan, que é tão importante naquilo
que faz pela preservação do nosso patrimônio. Fica como um incentivo e uma
responsabilidade a mais. O Acre tem uma história que precisa ser conhecida como
qualquer outra história. Já que vivemos as margens do Brasil e por muito tempo
também vivemos as margens da história, mesmo com toda essa história que tivemos
e temos, então acredito que nós precisamos cada vez mais somar forças para divulgá-la.
É uma função que procuro fazer por meio da literatura e desse instrumento que é
o blog, instrumento simples que está à disposição de todos. Por quê que não
tornar esse instrumento um serviço à cultura e à história? Se há uma honraria
esta é para todos aqueles que constroem a história deste país, deste estado e
desta cidade. Fico extremamente lisonjeado e contente”, comemorou Isaac Melo.
A fonte mais antiga
do Blog Alma Acreana é do ano de 1903, quando o Acre estava em estado de
litígio (era ocupado por brasileiros, mas diplomaticamente não tinha uma
definição). No mesmo ano, após o tratado de Petrópolis (Brasil e Bolívia), o
Acre passou a ser incorporado ao Brasil como um território. “No blog
encontra-se todos os períodos desde a década de 10, início da colonização do
Acre, até os autores contemporâneos de hoje, assim sendo, está contemplada as
etapas de toda a história acreana no que diz a respeito da literatura”,
concluiu o premiado filósofo.
Foto: Felipe Hid
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