James Joyce (1882-1941)
VI
Quem dera o doce peito eu habitasse
(Tão belo ele é, tão doce e vero!)
E o vento rude nunca me rondasse...
Por causa do árido ar severo
Quem dera o doce peito eu habitasse.
Tivesse nesse coração morada
(De leve, bato, imploro à moça!)
E nele a paz me fosse partilhada...
Esse ar severo fora doce
Tivesse nesse coração morada.
VII
Amor, vestes leves, passeia
Amor, vestes leves, passeia
Entre as macieiras – via
Por onde o vento alegre anseia
Correr em companhia.
Lá, onde o vento alegre para
E corteja a jovem rama,
Amor vai lento, a se inclinar à
Sombra sobre a grama,
E o céu pálido e azul é a taça
Por sobre a terra gaia,
Amor vai leve, a mão com graça
A segurar a saia.
IX
Ventos de maio, em dança mar afora,
Dançando lá numa giranda em glória,
De sulco em sulco, a espuma esvoaçando
Ao alto, até tornar-se uma guirlanda
De arcos prateados que atravessam o ar –
Não viram meu amor nalgum lugar?
Malandança, malandança!
Ah ventos de maio em dança!
Amor é triste se amor está a distância!
JOYCE, James. Música de câmara. Tradução de
Alípio Correia de Franca Neto. São Paulo: Iluminuras, 1998. p.61, 63, 67
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