Emily Dickinson (1830-1886)
Para preencher um Vazio
Ponha de volta Aquilo que o causou.
Baldado cobri-lo
Com outra coisa – sua boca vai
Mais
se escancarar –
Não se pode soldar o Abismo
Com ar
Eu nunca vi o urzedo,
Eu nunca vi o mar –
Mas posso tanto a
urze
Como a onda
adivinhar.
Eu nunca falei com
Deus
Nem nunca o céu
visitei –
Mas sei que o lugar
existe –
Como quem já teve o
‘visto’
Em sua passagem de
trem.
A percepção de um Objeto custa
Justo a perda do Objeto.
A percepção é, em si mesma, um ganho
Respondendo por seu preço.
O Objeto Absoluto – é nada –
A Percepção é que o revela –
Depois censura a Perfeição
Que tão longe se encastela.
DICKINSON, Emily. Uma centena de poemas:
Emily Dickinson. Tradução, introdução e notas por Aila de Oliveira Gomes. São
Paulo: T.A. Queiroz: Ed. da Universidade de São Paulo, 1984. p.83, 131
Nenhum comentário:
Postar um comentário