segunda-feira, 10 de março de 2014

A NOVA RECEITA DOS GOLPES DE ESTADO MADE IN USA


Nas décadas de 60 e 70, os Estados Unidos derrubavam governos democraticamente eleitos alegando razões geopolíticas: era preciso deter o avanço soviético; hoje, o modelo é mais sofisticado; envolve protestos de ruas, campanhas nas mídias sociais e atentados contra civis, para que os governos sejam responsabilizados pelas mortes de seus próprios cidadãos; foi o que aconteceu na Ucrânia, onde atiradores ligados às forças que hoje estão no poder alvejaram civis; na Venezuela, roteiro é o mesmo e vice-presidente americano Joe Biden deu a senha para o golpe.
Às vésperas dos 50 anos do golpe militar de 1964, quando o Brasil deverá celebrar sua democracia, um fantasma ronda a América Latina, a Europa do Leste e o Oriente Médio: a volta dos golpes de Estado patrocinados pelos Estados Unidos. Só que, desta vez, com uma roupagem diferente. Regimes são derrubados, supostamente, em defesa da democracia. É o que já se fez na Ucrânia e o que também se pretende fazer na Venezuela.

No passado, as intervenções americanas em outros países assumiam diversas formas. No Irã, em 1954, o regime de Mossadegh foi derrubado depois que o presidente eleito nacionalizou a produção de petróleo. No Brasil, dez anos depois, foi a vez de João Goulart ser apeado do poder com apoio da CIA. Na década de 70, também em razão do perigo comunista, o alvo foi Salvador Allende.

Agora, os Estados Unidos estão novamente assanhados, como demonstrou o vice-presidente americano Joe Biden, em entrevista ao jornal El Mercurio, que apoio a queda de Allende. "Enfrentar manifestantes pacíficos com a força e em alguns casos com milícias armadas, limitando a liberdade de imprensa e de assembleia não está à altura dos sólidos padrões de democracia que temos na maior parte de nosso hemisfério", disse ele neste fim de semana, referindo-se à Venezuela. Em resposta, o chanceler Elias Jahua afirmou que os americanos são os maiores promotores da violência em escala global.

Na Venezuela, a receita de bolo do golpe é semelhante à que foi aplicada na Ucrânia. Ela envolve protestos de rua, campanhas nas mídias sociais e atentados contra civis, para que os governos sejam responsabilizados pelas mortes de seus próprios cidadãos. Foi assim, após a morte de civis, que o presidente eleito Vitor Yanuovich foi apeado do poder em Kiev.

No entanto, investigações independentes demonstraram que os atiradores de Kiev, na verdade, não eram ligados ao governo – mas sim às forças que hoje estão no poder. Da mesma forma, na Venezuela, o opositor Leopoldo Lopez se entregou depois de ter recebido informações do serviço secreto venezuelano de que seria assassinado para que a culpa fosse atribuída ao presidente Nicolas Maduro.

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