Rogel Samuel
Li de uma assentada o belo livro de Elson
Farias sobre Cláudio Santoro ("Cláudio Santoro - cantor do sol e da paz",
Manaus, Ed. Valer, 2009).
A única vez que estive com Santoro foi no
aeroporto de Frankfurt no fim da década de 70, início de 80. Voltava para o
Brasil. Ele vinha da França, onde creio que tinha regido a Orquestra Sinfônica
da Radio-Difusão Francesa (ORTF) de Paris.
Eu disse para o pessoal da VARIG:
- Ali está o maior compositor do Brasil, coloquem-no
na primeira classe.
Não adiantou. Como ele sentou-se não muito
longe de mim, eu me apresentei, disse-lhe que tinha sido vizinho de D. Cecília,
sua mãe, na Vila Auxiliadora, em Manaus, onde ela vivia modestamente, junto com
o filho Alberto Santoro, depois físico. Foi o bastante para a conversa se
iniciar. Falamos cerca de uma hora de música e de músicos. Infelizmente não
posso relatar as críticas que me fez ao meio musical brasileiro, o que seria
uma indiscrição. Mas me disse que estava arrependido de ter voltado para o
Brasil... Contou que o prefeito de Paris tinha ido buscá-lo no Aeroporto,
enquanto que no Brasil não haveria um só funcionário do MEC para ajudá-lo com
as malas...
Ele dava aula de composição na Alemanha. E
comentou:
- Imagine caboclo amazonense dando aula de
composição na Alemanha...
O livro de Elson Farias impressiona pela
riqueza de informações, de detalhes. Grande poeta, o livro está muito bem
escrito e facilmente será traduzido no exterior, onde Cláudio Santoro é muito
famoso.
E escrevo ao som das
Sinfonias 5 e 7 de Santoro. Regidas por ele-mesmo. Orquestra Filarmônica de
Leningrado e Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim, respectivamente.
> Retirado da página do autor: literaturarogelsamuel.blogspot.com.br
Um comentário:
a música brasileira agradece...
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