segunda-feira, 19 de maio de 2014

DISCURSO DO AMAZONAS

J.G. de Araújo Jorge


Há sempre voluntários, por isso creio no Brasil.
Há sempre boa fé, em todo caso fé, por isso creio no Brasil.
Creio no meu povo.
Largaram o sol, viraram “brabos”, furaram a solidão,
no gaiola, no regatão, na montaria.
Ordenhassem a floresta, e seria o outro branco!
como o leite a escorrer do seio misterioso.

Ouviram o discurso. Seria a fortuna.

E a floresta avançando, como um tanque fantástico,
e a invisível metralha da malária,
– garça na praia, araras no céu, cadê tempo?

Peito aberto, sem armas, sem defesas,
– terçado e tigelinha, nada mais, –
nem havia comandantes, nem havia trincheiras,
só a imensa solidão irremediável
se retirada.

Não era discurso. Era traição.
Nem houve batalha, nem houve conquista
apenas massacre.

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